Um júri de 12 pessoas, nos Estados Unidos, absolveu o adolescente norte-americano Kyle Rittenhouse, nesta sexta-feira (19). Ele foi acusado de homicídio pela morte a tiros de dois homens que estavam em um protesto antirracista. O jovem alegou legítima defesa.
O julgamento provocou um debate feroz sobre os limites da autodefesa no país. E de acordo com Eduardo Barão, do Jornal da Band, integrantes de movimentos contra a violência racial temem que esse resultado gere retrocessos. O movimento "Black Live Matters" deve fazer um protesto sobre o ocorrido.
Rittenhouse chorou após o veredicto e desabou no chão antes de ser ajudado a voltar para sua cadeira.
Em meio a uma pesada presença de forças da segurança, várias dezenas de manifestantes ocuparam as escadas do lado de fora do tribunal após a leitura do veredicto, alguns carregando cartazes em apoio ao Rittenhouse e outros expressando desapontamento.
"Estamos todos tão felizes que Kyle pode viver sua vida como um homem livre e inocente, mas em toda esta situação não há vencedores, há duas pessoas que perderam suas vidas e isso não será esquecido", disse David Hancock, porta-voz da família Rittenhouse, à Reuters.
Rittenhouse atirou e matou Joseph Rosenbaum, de 36 anos, e Anthony Huber, de 26 anos, e disparou outra bala que arrancou um pedaço do braço de Gaige Grosskreutz, de 28 anos. Rittenhouse alegou autodefesa.
O veredicto foi celebrado pelos defensores dos direitos a armas, mas criticado por muitos do campo político de esquerda.
"É sem sentido que nosso sistema de Justiça permita que um vigilante armado saia livre", disse a bancada negra do Congresso em um comunicado.
Para chegar ao veredicto após mais de três dias de deliberações, o júri ouviu narrativas conflitantes da defesa e da acusação, que ofereceram retratos muito diferentes das ações do adolescente na noite das mortes.
A defesa argumentou que Rittenhouse tinha sido repetidamente atacado e atirou com medo de perder sua própria vida. Advogados disseram que ele é um adolescente de espírito cívico que estava em Kenosha para proteger a propriedade privada, após várias noites de agitação na cidade depois que a polícia atirou em um homem negro chamado Jacob Blake, que ficou paralisado da cintura para baixo.
A acusação retratou Rittenhouse como um jovem imprudente que provocou os encontros violentos e não mostrou remorso pelos homens que ele matou com seu fuzil estilo AR-15.
Transmitido ao vivo pela TV a cabo diariamente, o julgamento se desenrolou durante um período de polarização social e política nos Estados Unidos. Os direitos sobre as armas são valorizados por muitos norte-americanos e estão consagrados na Constituição, apesar de o país enfrentar um alto índice de violência armada.
Rittenhouse disse em depoimento que não tinha escolha a não ser abrir fogo para se proteger, é visto como herói por alguns conservadores que defendem amplos direitos sobre armas e consideram os disparos dele justificados. Muitos na esquerda veem Rittenhouse como a personificação de uma cultura de armas fora de controle no país.