O jovem negro acusado injustamente de furtar uma bicicleta no Rio de Janeiro em junho, que denunciou o caso como racismo, agora foi indiciado por outro crime: de receptação. Com isso, ele pode pegar até quatro anos de prisão, caso seja condenado.
Nesse caso, Matheus Ribeiro teria adquirido uma bicicleta elétrica roubada. A polícia desconfiou da situação depois de ver que o instrutor de surfe usava uma chave de moto para ligar a bicicleta. Além disso, ele também não tinha o carregador de bateria e o cadeado originais.
Em depoimento, Matheus reconheceu que pagou R$ 3,6 mil - metade do valor de mercado - pelo produto sem nota fiscal em um site na internet.
O homem que vendeu o produto depôs e disse ter aconselhado o jovem a não usar o item fora da comunidade. Ele também foi indiciado.
O instrutor de surfe disse que não foi informado sobre o indiciamento pela Polícia e que não vai se manifestar sobre as acusações por orientação dos seus advogados.
O inquérito foi remetido ao Ministério Público, que agora vai decidir se apresenta ou não denúncia à Justiça. A pena pode chegar a quatro anos de prisão.
Denúncia de racismo
No caso de junho, que teve grande repercussão depois de um vídeo gravado por Matheus e divulgado na internet, um casal acusou o jovem de roubar a bicicleta deles em frente ao Shopping Leblon. Imagens de câmeras de segurança, entretanto, mostram que o autor é branco.
Depois disso, o instrutor de surfe denunciou à polícia que foi vítima de racismo. No inquérito, Mariana Spinelli e Tomás Oliveira, foram enquadrados no crime de calúnia, mas o caso foi arquivado no início de agosto.