O Jornal da Band refez os passos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira antes de desaparecerem no Vale do Javari, na Amazônia.
No dia 4 de junho, primeiro sábado do mês, Dom e Bruno descansaram em uma cabana a beira do Rio Itaguaí e no dia seguinte eles navegaram por mais de uma hora no rio até chegarem na comunidade ribeirinha chamada São Rafael.
No local, eles deveriam encontrar um homem conhecido como Churrasco no sábado, mas segundo a filha do homem, a dupla só apareceu no local combinado no domingo.
A dupla também passou por outra comunidade, conhecida como São Gabriel. Lá fica a casa em que vive Amarildo da Costa, conhecido na região como "Pelado". Ele foi detido por suspeita de envolvimento no desaparecido de Dom e Bruno.
Pelado é conhecido na região como um pescador que invadia a Terra Indígena do Vale do Javari para pescar o valioso pirarucu.
O desaparecimento da dupla mudou a rotina da região. Na manhã desta segunda-feira (13), dezenas de indígenas desceram o rio e vieram até Atalaia do Norte pedir proteção do governo e justiça por Bruno e Dom Philips.
No entanto, pouca gente que vive na região acredita que o ambientalista e o jornalista britânico ainda estejam vivos, mas continuam em busca de qualquer pista, qualquer prova que possa fazer diferença.
Imprensa internacional acompanha buscas na Amazônia
O desaparecimento
As buscas por Phillips e Bruno entraram no 10º dia e contam com o apoio da Marinha, do Exército, da Força Nacional e das forças de segurança do Amazonas.
O servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o colaborador do Jornal The Guardian desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez na tarde do domingo (5), segundo nota divulgada pela Univaja.
Bruno é indigenista especializado em povos indígenas isolados e conhecedor da região, onde foi coordenador regional por cinco anos. Já Dom Phillips é veterano de cobertura internacional e mora no Brasil há mais de 15 anos.
Segundo lideranças indígenas, o jornalista e o ativista estariam recebendo ameaças de garimpeiros que atuam de forma ilegal na região.
Busca pelos desaparecidos
Na última sexta-feira (10) , equipes de buscas do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira encontraram o que definiram como "material orgânico, aparentemente humano" no rio Itaquaí, próximo ao porto de Atalaia do Norte, para onde iam os dois homens.
A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou a operação de buscas do governo brasileiro ao jornalista britânico e ao indigenista. O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da entidade vê as ações como “extremamente lentas”.
Há cinco anos, a ONU já alertava sobre a violência no Vale do Javari, região onde desapareceram Phillips e Bruno Araújo Pereira. A informação é do colunista internacional Jamil Chade, da BandNews TV.
Na sexta, em discurso na Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) citou Deus ao comentar as buscas pelos desaparecidos. Segundo ele, o governo faz uma "busca incansável". Já neste sábado, Bolsonaro declarou que foram encontradas partes de corpo humano em rio na região do Vale do Javari.
Em nota, o comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal, informou que as buscas e o reconhecimento aéreo na região do rio Itaquaí continuam e que foi coletado material orgânico, “aparentemente humano”, que foi encaminhado para o Instituto Nacional de Criminalística da PF para análise.
“Não procedem as notícias que estão circulando nas redes sociais no sentido de que os corpos dos desaparecidos foram encontrados”, diz a corporação.
Autorização da Funai
Na quinta-feira (9), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), afirmou que o documento estava assinado eletronicamente desde o dia 15 de maio. No entanto, por nota, a Funai afirma que essa informação é inverídica.
A Funai afirma ainda que "no caso do indigenista, foi emitida autorização em âmbito regional para que o indigenista ingressasse em terra indígena, com vencimento em 31/05/2022, sem o conhecimento dos setores competentes na Sede da Funai, em Brasília, o que será apurado internamente".