Poderia ser diferente, mas o jeitinho brasileiro é uma expressão que nem sempre soa bem.
“É aquela pessoa que faz as coisas erradas para tentar auferir vantagens”, explica o sociólogo Ailton Ferreira. “Isso é uma característica colonialista que a gente herdou, e que ainda é praticada”, completa.
O curioso é que, no Brasil, muitas pessoas têm dois lados quando se trata de fraudes: o de vítima e o de golpista. É o que revela uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
De cada cinco consumidores lesados, um também já praticou algo ilícito para levar vantagem financeira, seja contra empresas, contra pessoas ou contra o governo.
No topo da lista estão os famosos “gatos”, o uso irregular de serviços como energia, internet e TV por assinatura.
“Hoje em dia, com o comércio eletrônico, a gente vê que as fraudes cometidas por consumidores têm tido outras modalidades. Tem consumidor que compra o produto, recebe o produto, depois entra em contato dizendo que não recebeu esse produto, e pede o cancelamento”, diz Daniel Sakamoto, representante do setor lojista.
Quem comente fraudes pode ter o nome negativado ou ter de pagar multa, por exemplo. Mas a maioria nunca sofreu consequências pelo comportamento.
“Quando alguém comete fraudes contra a empresa, essa empresa de certa maneira vai repassar esse custo para os demais consumidores”, acrescentou Sakamoto.