Israel faz novos bombardeios em Gaza e afirma ter matado líderes do Hamas

Líderes europeus afirmam que Israel tem reafirmado o direito se defender, mas acompanham preocupados as violações de leis internacionais e a tragédia humanitária em Gaza

Por Felipe Kieling

Os mísseis não poupam nada e ninguém. Nas últimas 24 horas a cena se repetiu por toda a Faixa de Gaza. A resposta após as atrocidades cometidas pelo Hamas tem sido impiedosa.

Bombardeios acontecem até mesmo no sul do enclave, local para onde o exército de Israel pediu para os civis se deslocarem para o tão aguardado corredor humanitário.

Brasileiros que esperam poder cruzar a fronteira com o Egito flagraram o ataque. Em Rafah e Khan Younis, misseis caíram em cima de civis. Houve correria após as explosões. Dezenas de palestinos foram mortos nas últimas horas.

Quase um quarteirão inteiro veio abaixo. Entre as vítimas, há crianças. E já são quase 900 que perderam a vida desde o início dessa guerra, segundo a ONU.

Israel alega que os ataques ao sul acontecem porque há integrantes do Hamas nessa região também. Nesta quinta-feira (19), dois importantes chefes do grupo extremista foram mortos próximo à fronteira com o Egito - entre eles o líder do braço armado do Comitê de Resistência Popular, Rafat Halal.

Comandos do exército também entraram em Gaza em busca dos reféns. Hoje o porta-voz atualizou o número: 203 pessoas estão nas mãos do Hamas.

Enquanto isso, no norte de Gaza, crianças foram soterradas após um ataque de Israel no campo de refugiados de Jabalia. Algumas sobreviveram. Os familiares, desesperados, escavaram em meio aos escombros para salvá-las.

40% da população de Gaza tem 15 anos ou menos. Vidas interrompidas de forma precoce e cruel. Difícil saber qual será o rumo dessa guerra, mas a única certeza para esses palestinos é que mais tragédia está por vir.

Os hospitais - que operam de forma precária - tentam dar conta dos feridos que chegam aos montes.  Sem suprimentos básicos, pessoas estão passando por cirurgias sem anestesia.

Será nesse clima de caos e em meio a constantes mísseis, que os palestinos vão precisar se organizar para receberem ajuda humanitária. Vinte caminhões devem entrar em Gaza nesta sexta-feira com água, comida e remédios. É muito pouco onde falta tudo.

 As Nações Unidas afirmam que, pelo menos 100 caminhões por dia, são necessários. E não é por falta de doações. Do outro lado da fronteira a quantidade de suprimentos enviados por todo o mundo é enorme - são cerca de 3 mil toneladas.

Milhares de pessoas que perderam suas casas estão dormindo na rua ou em tendas da ONU.

Líderes europeus afirmam que Israel tem reafirmado o direito se defender, mas acompanham preocupados as violações de leis internacionais e a tragédia humanitária em Gaza. Nesta quinta-feira, foi a vez do premiê britânico visitar o país e reforçar o coro de que civis precisam ser poupados.

A viagem de Rishi Sunak aconteceu na esteira da visita do líder político da Alemanha, Olaf Scholz, e do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O ocidente quer deixar claro o apoio a Israel. O premiê britânico viajou depois para a Arábia Saudita. 

Uma grande preocupação da comunidade internacional é que esse conflito se espalhe pela região, sobretudo com o Hezbolah, que atua a partir do Líbano e é apoiado pelo Irã. A tensão continua na região: confrontos entre Israel e Hezbolah são cada vez mais frequentes.

Protestos também acontecem por toda a parte. Na Cisjordânia, sede da Autoridade Palestina, mais violência: 8 pessoas morreram num confronto entre manifestantes e policiais. 

Apesar dos esforços diplomáticos para um cessar-fogo e uma redução da tensão, a linha de frente dá sinais de que a situação só tende a piorar e que a guerra não tem prazo para acabar.

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