Jornal da Band

Investigadores dizem que Cid complicou Bolsonaro e que PF avalia delação ao pai

Na última quinta-feira (14), investigadores da PF revelaram à Band que Cid disse que deu 25 mil dólares da venda de relógios de luxo a Bolsonaro

Da redação

A Polícia Federal (PF) avalia oferecer uma delação premiada ao general da reserva Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi apurada pela Band Brasília e exibida no Jornal da Band desta sexta-feira (15).

Na última quinta-feira (14), fontes ligadas à PF informaram ao repórter Caiã Messina, da Band, que Cid deu 25 mil dólares em mãos a Bolsonaro, dinheiro resultado da venda ilegal de dois relógios de luxo, um Rolex e um Patek Philippe. A investigação apura suposta participação do ex-presidente na transação.

Apesar da alta, hoje, depois de uma semana internado para a realização de duas cirurgias, Bolsonaro não comentou os recentes desdobramentos do caso das joias. Investigadores da PF afirmam que Cid “complicou a situação” de Bolsonaro.

PF cobra provas

A informação sobre o dinheiro dado a Bolsonaro foi, segundo delegados, vital para que a PF aceitasse fechar um acordo de delação premiada com Cid. A corporação espera que o tenente-coronel apresente provas em novos depoimentos, já como delator. Aplicativos de localização do celular, já sob perícia, poderão mostrar o caminho do dinheiro.

Já Lourena Cid, quem sempre foi próximo de Bolsonaro, disse a militares que esperava uma defesa pública por parte do ex-presidente. Agora, o general está empenhado em salvar a honra da família.

Investigadores afirmam que o general tinha papel central no esquema e que atuava nas negociações, como mostram mensagens reveladas no inquérito. Em uma foto, Lourena Cid aparece no reflexo da caixa de um presente dado a Bolsonaro e que seria vendido nos Estados Unidos. A PF sustenta que ele repassou dinheiro ao ex-presidente em pelo menos dois momentos.

Mensagens de Cid

Em janeiro deste ano, Mauro Cid enviou mensagem ao então responsável pelo acervo do ex-presidente, Marcelo Câmara, ocasião em que disse:

Tem 25 mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer esse dinheiro, levar em "cash" aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente, dar abraço nele, né? E aí ele poderia levar, entregaria em mãos (mensagem de Mauro Cid a Marcelo Câmara)

Em 25 de fevereiro, Mauro Cid mandou a seguinte mensagem para o pai:

O presidente está indo dia 28 para Miami. Aí eu comentei se ele (Bolsonaro) quisesse dormir na tua casa. Daria pra conversar, bater papo. Deixaria com o Crivelatti ou até mesmo entregaria pra ele o que tá faltando aí! (Mensagem de Mauro Cid ao pai)

Bolsonaro se diz tranquilo

A interlocutores, Bolsonaro disse que está tranquilo e que Cid terá que provar o que disser aos investigadores. Além desse caso, outra preocupação do entorno do ex-presidente é a posição considerada “dura” do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do 8 de janeiro. Condenações já proferidas variaram de 14 a 17 anos aos três primeiros réus.

De Cid, a PF quer saber se Bolsonaro fez alguma reunião em que tenha defendido o fechamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou golpe de Estado após perder as eleições. O ex-presidente tem negado “agir fora das quatro linhas da constituição”.

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