Polícia, MP e Delegacia do Consumidor investigam caso dos transplantes contaminados com HIV

Operação foi feita na sede do PCS Laboratório Saleme, que emitiu os exames que não detectaram infecção pelo vírus

Da redação

A polícia do Rio já começou a investigar as responsabilidades no caso criminoso da contaminação de órgãos doados para transplantes. Uma operação foi feita na sede do PCS Laboratório Saleme, que emitiu os exames que não detectaram infecção por HIV.

A Delegacia do Consumidor instaurou um inquérito para apurar as responsabilidades. A suspeita da polícia é grave: o laboratório pode não ter realizado os testes obrigatórios de HIV nos doadores. Uma vistoria anterior da Anvisa não encontrou os kits de exame nem os comprovantes de compra dos materiais necessários.

O Ministério Público do Rio de Janeiro também instaurou um inquérito para investigar a contaminação dos pacientes do Programa Estadual de Transplantes. Os promotores analisam possíveis irregularidades nos contratos firmados entre o Laboratório Saleme e o governo do estado.

O HemoRio, do governo do estado, é o responsável pela realização dos testes de HIV e outros exames de doadores de órgãos antes dos transplantes. Mas por causa da sobrecarga, foi feita uma contratação emergencial do PCS Laboratório Saleme.

O MP já sabe que, embora tenha um capital social declarado de apenas 21 mil reais, o laboratório firmou contratos que somam mais de R$ 20 milhões só em 2023 com o governo do estado. O contrato foi assinado em novembro do ano passado e já recebeu dois aditivos, totalizando quase R$ 11,5 milhões.

Quem assina pelo laboratório é Matheus Sales Teixeira, um dos três sócios da empresa. Matheus é primo do deputado federal Dr. Luizinho, que era secretário de Saúde na época da assinatura do contrato. Ele deletou hoje suas contas nas redes sociais.

Em nota, o deputado Dr. Luizinho afirmou que não participou da contratação de laboratórios enquanto era secretário e defendeu a punição dos responsáveis, independentemente de quem sejam.

A atual secretária de Saúde, Cláudia Mello, que sucedeu Dr. Luizinho no cargo, informou que instaurou uma sindicância para investigar possíveis desvios de conduta de funcionários da pasta.

Em nota, o PCS Laboratório Saleme disse que também apura o caso e que informou à Central Estadual de Transplantes todos os exames de HIV realizados entre dezembro de 2023 e setembro desse ano, período em que prestou serviços ao governo estadual. E afirma que os exames foram feitos com kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e Anvisa.

O Conselho Regional de Medicina também apura a responsabilidades dos médicos envolvidos.

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