Independência do Brasil: Dom Pedro tinha vida amorosa agitada

Por Giba Smaniotto

A vida amorosa de Dom Pedro era um assunto que chamava a atenção. Os historiadores contam que ele teve muitos filhos e muitas amantes. Ele não fazia questão de ser discreto.  

 Quando veio a São Paulo, dias antes de proclamar a Independência, na colina do Ipiranga, ele conheceu Domitila de Castro Canto e Melo, uma mulher que tinha se separado porque o marido era violento. Domitila era filha de um Coronel reformado. 

 Foi uma paixão à primeira vista. Dom Pedro a transformou em Marquesa de Santos. Teve cinco filhos com ela e levou a amante a morar pertinho da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, a residência oficial da família real. 

Nessa história também não poderia faltar um melhor amigo e fiel seguidor: o Chalaça. Ele era uma espécie de secretário. Chalaça tinha um tráfego de influência impressionante. Ele era um grande administrador, bom de papo e falava várias línguas. 

“O Chalaça ele tem esse apelido, é uma palavra que sumiu do nosso vocabulário, mas Chalaça é alguém que apronta, algum aprontão, algum farrista, e ele era isso, então ele era um dos principais companheiros de farra do Dom Pedro e isso desde jovem”, explica Paulo Rezzutti, pesquisador e escritor.

A cara de pau de Dom Pedro foi tanta que a Marquesa chegou a virar dama de honra da Imperatriz Leopoldina e tornou-se Viscondessa, pelos serviços prestados à imperatriz. 

“A relação do Pedro com a amante passou de todos os limites. Era aceitável que reis, imperadores, tivessem amantes, o único compromisso era ter os herdeiros do trono garantidos. Isso a Leopoldina tinha dado. Só que ele vai levar isso a um patamar que era inaceitável até para os padrões do século 19. Passar várias noites sem dormir em casa, de escancarar o amor e a paixão pela Domitila, né, de fazer favores a ela, de insistir que ela frequentasse a corte” conta Clóvis Bulcão, historiador.

A Marquesa de Santos só perdeu mesmo seu lugar na vida de Dom Pedro quando a Imperatriz Leopoldina morreu, e ele acabou procurando outra princesa para casar. Afinal de contas, casamento era negócio e a intenção sempre foi ficar mais próximo das monarquias europeias. 

Com a fama de mulherengo foi muito difícil para Dom Pedro I arrumar outro casamento, mas a Amélia de Leuchtenberg, com 17 anos de idade, princesa da Baviera, filha do enteado de Napoleão Bonaparte, foi convencida a aceitar. 

Só que nem esta união de nobres famílias segurou um Brasil com finanças espatifadas e população descontente. Era um país dividido: os que apoiavam Dom Pedro, a maioria portugueses, e os insatisfeitos com seu governo: os liberais, que não aceitavam os abusos da Monarquia. Eles queriam liberdade política, administrativa e de imprensa. 

O clima era terrível. A ponto da população se rebelar contra o governo durante uma festa preparada pra Dom Pedro. A festa terminou em garrafada por todos os lados. 

“Dom Pedro I viaja pra Minas Gerais e na volta os portugueses querem fazer um grande banquete, uma festa de recepção, porém antes dele chegar os brasileiros já começam a visualizar o movimento e vão se aproximando dos portugueses e avisando, 'olha, vai ter problema aí, não vamos deixar você fazer isso aí não, isso aí não tem nada a ver'. Justamente o nome de "noite das garrafadas" porque começa a noite, são cinco dias de conflito na verdade e é garrafada para todo lado”, diz o historiador Wesley Espinosa. 

Diante de tanta confusão, Dom Pedro I não teve saída. Abdicou do trono para o filho de apenas 5 anos de idade. Depois de abdicar, não teve outro jeito, fugiu.

“Começou um problema enorme com a questão econômica, veio a inchação, que hoje a gente chama de inflação, lá eles chamavam de inchação, você tem aí depois o posicionamento autoritário dele fechando a assembleia nacional constituinte, outorgando a Constituição. Problemas econômicos, que geram problemas políticos e geram problemas sociais”, explica Wesley Espinosa. 

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