Guerra tarifária sem precedentes tem poder para impor uma nova ordem mundial, diz especialista

Nós últimos dez dias, o mundo assistiu a um verdadeiro "vai e volta" do tarifaço de Trump

Sonia Blota

Guerra tarifária sem precedentes tem poder para impor uma nova ordem mundial, diz especialista
Donald Trump, presidente dos EUA
REUTERS/Leah Millis

No quarto mês do ano, as compras de Natal já começaram no Estados Unidos. Os americanos correm para comprar produtos fabricados no exterior antes que os preços aumentem, especialmente o que é fabricado na China.

Mas em outra decisão, eletrônicos importados - smartphones e computadores - para os Estados Unidos estarão isentos das novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump, de acordo com um aviso da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos estados unidos emitido neste sábado.

As isenções vêm depois de pressões das bigtechs americanas, porque muitos dos produtos são fabricados na China e chegariam mais caros para os consumidores.

A Apple teria fretado seis aviões cargueiros para transportar cerca de 1,5 milhão de iPhones da Índia para os Estados Unidos para escapar do tarifaço.

Nós últimos dez dias, o mundo assistiu a um verdadeiro "vai e volta" do tarifaço de Trump.

No que ele chamou de "dia da libertação econômica", o presidente americano anunciou uma tarifa base de 10% sobre todas as importações, exceto para Canadá e México - além de tarifas adicionais para países com práticas comerciais consideradas desleais pela Casa Branca.

Muitos ameaçaram a retaliação, como a União Europeia.

Trump então voltou atrás e deu 90 dias de suspensão das tarifas para países que não retaliaram os Estados Unidos, alegando uma forma de incentivo à negociação.

Só que o alvo mesmo era a China que acabou taxada em 145% e revidou com 125% de imposto aos americanos.

Para este especialista, a guerra tarifária sem precedentes tem poder para impor uma nova ordem mundial.

"Além da perda de influência global que os EUA teriam, eles também temem a mudança de um modelo de organização e de visão de mundo, que é o apelo que a China teria sobre outros países hoje“, explica o professor de relações internacionais da USP, Yi Shin Tang.

O presidente chinês Xi Jinping afirmou que a União Europeia e a China vão trabalhar juntas para "proteger a globalização econômica".

Enquanto os dois titãs se digladiam, há uma União Europeia enfraquecida em busca de novas parcerias. O acordo com o Mercosul, negociado há vários anos, pode ganhar um novo impulso.

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