PCC está em todos os segmentos da fronteira, diz governador paraguaio que teve a filha assassinada

Guerra na fronteira: Cinco dias depois da chacina, a polícia ainda investiga a motivação do crime; foram disparados mais de cem tiros de fuzil

Rodrigo Hidalgo

O governador paraguaio, Ronald Acevedo, que perdeu a filha num assassinato brutal na fronteira com o Brasil, afirmou em entrevista exclusiva ao jornalismo da Band que o PCC está em todos os segmentos da fronteira. Ele disse ainda que não vê uma solução imediata para a violência na região.

“Passar por isso é uma cena trágica, é uma cena triste. Ver a minha filha jogada no chão, ensanguentada. É uma situação muito difícil, indescritível”, afimrou Acevedo, governador de Amambay.

“Aqui não tem combate [ao PCC]. A polícia não tem a mínima condição de enfrentar esse pessoal. É por isso que eles têm um terreno fértil para fazer o que quiserem. Eles estão infiltrados em toda a sociedade, até mesmo em universidades, colégios e festas", disse.

Faustino Ramón Aguayo Cabanas, um dos líderes do crime organizado no Paraguai que está preso em Pedro Juan Caballero, é suspeito de ser o mandante da ação. 

O alvo da chacina era Osmar Vicente Alvarez, conhecido como Bebeto, apontado pelo PCC como um informante da polícia. A namorada de Bebeto também foi executada. Haylee Acevedo, de 21 anos, era filha do governador de Amambay, Ronald Acevedo.

Nesta quinta-feira (14), em uma vistoria no presídio, o Ministério Público paraguaio descobriu que Faustino Ramón Cabanas ocupava uma cela VIP, com TV, internet, celulares, ar condicionado e mesa de bilhar. Para a surpresa dos promotores, o detento dormia com a namorada na cadeia. Mirna Lesme, de 22 anos, teve o celular apreendido e foi liberada.

Líderes do crime organizado na fronteira devem ser transferidos em breve do presídio, que agora vai passar por uma intervenção por ordem do governo paraguaio. As autoridades tentam identificar os funcionários corruptos que permitiram todas essas regalias.

Seis brasileiros e um paraguaio já foram presos suspeitos de envolvimento com o crime. Nesta quinta, 180 policiais dos dois países foram destacados para intensificar o combate à violência na fronteira.

O governador compara a região da fronteira com um dos lugares mais violentos do mundo. “Acho que a gente está igual ou pior a outros lugares em que esses grupos estão atuando, como favelas do Rio, de São Paulo e até como Sinaloa, [no México].”

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