Em troca de visualizações, curtidas e dinheiro, turistas estrangeiros circulam tranquilamente entre criminosos armados no Brasil. As autoridades investigam cenas de violência em favelas do Rio de Janeiro e São Paulo postadas na internet.
A naturalidade dos gringos com os supostos traficantes chama a atenção. Em uma das imagens, eles se abraçam, e um dos bandidos chega a emprestar o fuzil para o estrangeiro tirar foto. A confiança chega ao ponto de revelar o que seria o faturamento da quadrilha: R$ 300 mil por semana.
A gravação postada na internet é monetizada, ou seja, gera ganhos financeiros para quem a publicou. Numa plataforma, há mais de 2 milhões de visualizações. Inclusive, há mais gravados no Brasil.
O mesmo libanês também gravou em um suposto cativeiro na favela de Paraisópolis, em São Paulo.
Outro exemplo de ganhar dinheiro com a espetacularização do crime e da violência aconteceu em abril, quando um turista grego gravou o feirão das drogas no Chapadão, onde nem a polícia costuma entrar.
Em 2020, um japonês publicou um passeio no Morro do Vidigal e se exibiu com armas e traficantes.
Os estrangeiros costumam divulgar os vídeos só depois de ir embora do Brasil. Assim, eles evitam problemas com as autoridades. No Rio de Janeiro, até agora, nenhum inquérito contra os turistas foi aberto. A polícia diz que usa as imagens para ajudar em outras investigações e na identificação de bandidos.
O coronel Ubiratan, ex-comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ) e que atua como pesquisador na área de Segurança Pública, vê crime nas gravações. Para ele, os vídeos fazem apologia ao crime.