O governo federal discute maneiras para controlar a disparada do dólar no Brasil. Pelo café da manhã, o presidente Lula já teve um assunto indigesto e persistente: a moeda norte-americana e o controle dela. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, esteve no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (3) para tratar do assunto.
Uma das preocupações do ministro é com os produtos que têm insumos importados, que podem ficar mais caros, aumentando a inflação. A moeda americana vem subindo no mundo todo por conta dos Estados Unidos, que mantém os juros em patamar elevado e atraem investidores, como explica o professor de economia André Roncaglia.
"Eles correm em direção aos Estados Unidos. Essa é a pressão básica e aquela, talvez, mais importante que explique porque o câmbio anda desvalorizado nos últimos anos", explica. Também nesta quarta, a ata da reunião do Banco Central americano indicou que a inflação dá sinais de queda, o que pode apressar o corte de juros por lá. A notícia ajudou o dólar a despencar, fechando em R$ 5,56. A fala de Lula pela manhã também colaborou com a queda.
"Aqui, nesse governo, a gente aplica o dinheiro que é necessário. A gente gasta com educação e saúde, naquilo que é necessário. Mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso desse governo desde 2003. E a gente manterá ele à risca", disse Lula.
O equilíbrio nas contas públicas pode atrair investidores e segurar o dólar. O difícil é convencer o presidente a cortar os gastos e, por isso, Haddad passou o dia no Planalto. Nos bastidores, ministros e até pessoas próximas à Lula reconhecem que os ataques ao presidente do Banco Central devem parar. A questão é que ninguém teve coragem de falar abertamente sobre isso com o presidente.
Presidente Lula e ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Agência Brasil