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Exército de Israel prepara ofensiva por terra contra o Líbano

Com a escalada do conflito, quase 100 mil pessoas já deixaram suas casas na região

Por Sonia Blota

O sul e o leste do Líbano foram atacados por Israel pelo terceiro dia consecutivo. O ataque desta quarta-feira (25) foi uma resposta de Israel ao míssil balístico Qader 1, de fabricação iraniana, lançado pelo Hezbollah. O alvo era a sede do Mossad, a agência de espionagem israelense, mas sirenes de Tel Aviv deram o alerta, e o sistema de defesa israelense conseguiu interceptar e destruir o artefato.

O Hezbollah culpa o Mossad pelo recente assassinato de seus líderes e acusa a agência de espionagem de explodir pagers e walkie-talkies do grupo xiita, matando 39 pessoas e ferindo quase 3 mil.

Agora, o Exército de Israel se prepara para uma possível ofensiva terrestre contra o Líbano. O anúncio foi feito às tropas pelo chefe das Forças de Defesa.

Líderes mundiais continuam acompanhando com preocupação a escalada dos bombardeios – que ocorre paralelamente à guerra em Gaza. O premiê britânico Keir Starmer e o secretário-geral da ONU, António Guterres, disseram que os conflitos levaram a região “ao seu limite”. Já o papa Francisco chamou os ataques de Israel ao Líbano de “inaceitáveis”.

O premiê israelense Benjamin Netanyahu autorizou a abertura de negociações com os Estados Unidos para um cessar-fogo temporário na região. Para o presidente norte-americano, Joe Biden, uma guerra total no Oriente Médio é “possível, porém, evitável”.

Relatos da guerra 

Em meio à tensão, o jornalista João Sousa acompanha a situação na capital.

“Estamos agora passando pelo distrito Sul de Beirute, em sua maioria povoado por xiitas e controlado pelo Hezbollah. Há muita tensão aqui, muito medo. Já me pediram para deixar de filmar, de fotografar, me pediram identificação, porque há receio de espionagem. Há também receio de que o próximo bombardeio seja por aqui, então estamos muitos tensos”, disse. 

Uma fuga em massa acontece desde o início dos bombardeios no Líbano. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que quase 100 mil pessoas já foram obrigadas a deixar suas casas. Segundo o Ministério de Saúde libanês, o número é cinco vezes maior.

Quem continua por ali convive com o medo. É o caso de Soha Sayed, xiita que morou na região a vida toda. 

Estou dirigindo e vejo as pessoas vivendo suas vidas, crianças brincando nas ruas, e tudo isso pode chegar ao fim a qualquer momento. 

A brasileira Kelly conta que escapou por pouco. Ela teve que se mudar para uma escola com o marido e quatro filhos depois de ter a casa destruída por um bombardeio.

Quando subiu o avião, abracei as crianças e falei ‘meu Deus, a gente vai morrer agora’. Caiu atrás de casa e a bomba explodiu. Só abri os olhos e graças a Deus estava viva.

Brasileiro morto

O Itamaraty confirmou que um adolescente brasileiro morreu durante os ataques no Líbano. O jovem tinha 15 anos e, segundo fontes da diplomacia brasileira, vivia com o pai, paraguaio, que também morreu.

Essa é a primeira morte de um brasileiro desde a intensificação do confronto entre Israel e Hezbollah, no último domingo (22).

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