Na frança, chegou ao fim o julgamento do caso que chocou o mundo: o estupro coletivo de Gisèle Pelicot. Além do marido dela, outros 50 homens foram condenados. Na ocasião, a vítima foi dopada pelo então marido que, em seguida, convidava homens para estupra-la.
A vítima, que abriu mão do anonimato, chegou de cabeça erguida. Ela já havia avisado: a vergonha precisa mudar de lado. Passar da vítima para o estuprador.
Neste caso foram muitos. Mais de 70, segundo a polícia, que só conseguiu identificar os 51 que estavam no banco dos réus. Entre eles o homem com que Gisèle foi casada por mais de meio século.
Na pequena cidade de Mazan, na região da Provença, Dominique drogava Gisele e convidava homens pela internet para sessões de estupro e outros tipos de violência sexual. Tudo filmado. Os vídeos foram provas fundamentais levadas ao júri.
Nesses três meses de julgamento, nada foi registrado. As ilustrações mostram o tribunal no momento do veredito. Cinco juízes definiram a sentença. Para Dominique, 20 anos de prisão. É a pena máxima da legislação francesa nos casos de estupro.
Os demais 50 réus também foram considerados culpados por estupro, tentativa de estupro ou agressão sexual. Motoristas, soldados, bombeiros, segurança, agricultores... o mais jovem tinha 22 anos, o mais velho 70. Somadas, as penas passam de 400 anos de cadeia.
O caso Pelicot desencadeou protestos pela França e comoção pelo mundo inteiro. Aos 72 anos de idade, Gisele se tornou um símbolo de luta contra a violência sexual e inspiração para mulheres denunciarem seus agressores.
“É com profunda emoção que estou aqui. Foi um processo muito difícil” disse Gisèle.
Aplaudida, contou que renunciou ao direito ao anonimato ao pensar nos filhos e neto porque eles são o futuro. E foi além: “pensei nas vítimas que não foram reconhecidas e que permanecem nas sombras”.