Você tem estabilidade no emprego? E a carreira, sempre mudando? Atualmente, para muitos trabalhadores, foram inúmeras as vezes que a vida profissional desdobrou e deu uma reviravolta. Cada vez mais popular, a transição de carreira é motivada por diversos fatores.
No caso de Débora Reis, recém-contratada na área de Marketing e Eventos, mudou da carreira de Relações Internacionais por falta de oportunidade. "No fim de 2022, eu tinha acabado um estágio no processo de formação em R.I e me vi em um ambiente assim, difícil", conta.
Mesmo com currículo bom, diploma em uma universidade pública de qualidade e estágio em uma multinacional, o mercado não abria espaço para Débora. "Todo mundo acabou em algum momento tendo uma dificuldade de se encontrar", afirma. Sem vaga na área, ela encontrou oportunidade em outro setor, após fazer um curso de extensão em Marketing e após dois anos sem emprego, está em processo de contratação.
"É um alívio, 2023 foi muito difícil. Para um recém-formado fica nebuloso, as pessoas olham nosso currículo e há uma resistência do mercado", avalia. Mas se é difícil para os recém-formados, é complicado também para experientes como o fotógrafo Kléber Rodrigues.
Sem emprego, Kleber está em transição de careira. "Sou fotógrafo e agora faço um curso técnico em gastronomia para acessar a área", diz. Apesar de não ter como bancar o curso, ele conseguiu uma bolsa integral pelo programa do SENAC, que visa ampliar a mão-de-obra qualificada, como explica a gerente do SENAC Rosana Martins.
"Todo portfólio é voltado a atender uma necessidade do mercado, portanto temos cursos na área de aperfeiçoamento, cursos técnicos, ensino médio técnico integrado, pós-graduação, pensando em atender as necessidades do mercado", diz a gerente, que afirma que após um ano, 70% dos alunos que fizeram curso estão empregados.
Transição de carreira pode ocorrer pela necessidade de mudança
Nem sempre a transição de carreira é movida por uma demissão ou por um mercado fechado. Muitas vezes é o empregado que sente a necessidade de mudar, como explica o psicólogo Francisco Nogueira. "A carga de estresse, quando maior que a capacidade de recuperação, a resiliência, faz isso. Então a gente precisa ficar atento, não ultrapassar os limites antes que a gente entre no burnout", indica.
Foi o que ocorreu com Simone Shiozawa, desenvolvedora de software. Para ela, o alerta de um possível burnout chegou à tempo. "Vinha de um processo de estresse, picos de estresse e cansaço, não sei se cheguei a ter burnout", diz. Assim, a então professora universitária encontrou uma vaga perfeita para a mudança.
"Vi uma publicação de uma amiga de uma vaga exclusiva para mulheres em uma área de tecnologia, para alavancar a participação feminina, que era menor que 30%. Brilhou os olhos na hora", conta.
Com a nova carreira, Simone se deparou com uma nova pessoa: sem estresse ou cansaço, atuando em um mercado que jamais imaginou. Como programadora, ela abriu um leque de opções de trabalho em um dos setores que mais emprega e, muitas vezes, não preenche todas as vagas de trabalho.