Especialistas em Educação apontam a abertura de cursos técnicos como vital para o Brasil suprir a necessidade de mão de obra qualificada nos próximos anos. Inclusive, em São Paulo, há uma escola em que os alunos são preparados para o mercado de trabalho a partir da 5ª série, como mostrou a reportagem da série especial do Jornal da Band sobre o tema.
Na instituição onde o aluno Juan Pedro, do 6º ano, estuda, os computadores dominam. A grade curricular possui disciplinas incomuns, como economia, commodities e varejo, mas, ao mesmo tempo, não afastam a criançada.
Para o pequeno Juan, as aulas que têm na escola soam como uma amostra do que está por vir quando ele entrar no ensino médio e começar o técnico em administração.
Tem aquelas pessoas que só estudam para ir bem na prova, mas, agora, essas palestras meio que fazem você levar uma coisa para a vida uma e ter sucesso (Juan Pedro)
De aula de vendas à inteligência artificial
Numa aula acompanhada pela reportagem do Jornal da Band, os alunos do 8º ano receberam um desafio real da empresa, que consistia em como aumentar as vendas de um tipo de hambúrguer. A atividade incluía estratégias de marketing, custos, mudanças no produto e embalagem.
Em outra turma, o assunto era o desenvolvimento de sistemas. O professor Marcelo Grillo, em entrevista, destacou o potencial da inteligência artificial na aula.
“Nesse nível de complexidade, em algumas instituições só aplicam nas pós-graduações, em mestrados e doutorados. A gente já apresenta isso de uma forma bem aplicável para os nossos alunos já 15 e 16 anos”, considerou o professor.
Tanto conteúdo pode até gerar dúvida quanto ao espaço para o estudante ser apenas um adolescente. O aluno de tecnologia Matheus Pedrosa garante que sim, apesar das demandas escolares.
“Tem um momento que você está totalmente focado em alguma coisa na escola, no trabalho, mas também temos momentos de descontração, que você sai com seus amigos, que você faz alguma coisa fora disso. Vai jogar futebol, por exemplo. Sim, todo final de semana eu tenho que fazer alguma coisinha além das coisas da escola também”, disse Matheus.
Ensino técnico já foi obrigatório
No Brasil, as primeiras escolas técnicas surgiram em 1909. Na década de 1970, o ensino profissionalizante chegou a ser obrigatório durante o chamado 2º grau. Os cursos de auxiliar de escritório e de enfermagem, além de edificações e contabilidade, são comuns para toda geração de brasileiros formada até 1982, quando a exigência acabou.
“Se uma coisa para pobre, outra não é para pobre. Eu acho que não tem que ser esse o nosso raciocínio. Tem pessoas que fizeram uma formação técnica e tem demanda pelo seu trabalho constante, até uma atratividade do ponto de vista salarial bem mais interessante do que algumas profissões em que demandam o nível superior. É trabalhar um pouco mais com projeto de vida do aluno e um pouco menos com estereótipos”, analisou Cláudia Costin, especialista em educação.
