Empresários podem ter prejuízos com limitação de parcelamento sem juros

Levantamento mostra que 9 em cada 10 varejistas aceitam modalidade no crédito; consumo pode ser reduzido pela metade

Carolina Villela

A possível limitação do parcelamento sem juros pode causar prejuízos para os pequenos empresários. O temor ocorre após a lei que criou o Desenrola, prever a definição de um teto para os juros do crédito rotativo do cartão, um dos mais altos do mundo. Atualmente, está em 445% ao ano. 

Antes da regra começar a valer, bancos, operadoras de cartões e maquininhas têm até janeiro para apresentarem uma proposta. Uma das sugestões em debate é limitar a compra parcelada sem juros. 

Pequenos negócios temem que, além de prejudicar as vendas, a mudança dificulte investimentos. O presidente da SEBRAE, Décio Lima, diz que o parcelamento sem juros é algo comum para o brasileiro e até da cultura do país. 

"Isso é um processo cultural do nosso povo, nosso povo tem o hábito de parcelar as suas compras e, ao mesmo tempo, os micro e pequenos empreendedores se utilizam do próprio parcelamento do cartão para manterem seus negócios, seus estoques, e produzirem essa grande riqueza da economia brasileira, sendo os micro e pequenos empreendedores", explica. 

É tão cultural a questão dos juros, que quase 80% dos brasileiros só conseguem conquistar os sonhos, porque dividem a compra sem juros no cartão de crédito. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva também mostra que sem essa opção, os clientes reduziriam os gastos pela metade. 

“Eu compro tudo parcelado. Cama, fogão sofá, tudo parcelado”, comenta a dona de casa Maria da Conceição. Cleodiane Melo, gerente, diz ser a “moça do cartão de crédito parcelado em 150 vezes” e caso o modelo acabe, ela diz que irá juntar dinheiro para pagar à vista. “E vai demorar”, lamenta. 

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