Vender os olhos por 600 reais? Não é bem assim. Tem uma empresa pagando pra escanear a sua íris e criar um cadastro provando que você é um ser humano. O pagamento é feito em criptomoedas criadas pela própria empresa, que podem ser convertidas em reais.
Lojas como essa tem se espalhado nos últimos dois meses. Depois de fazer um cadastro em um aplicativo, você tem a íris do olho captada por essa câmera. Em troca, ganha criptomoedas criadas pela própria empresa, que podem ser convertidas em reais.
A empresa já atua em outros países e enfrentou críticas e problemas judiciais relacionados à privacidade. Na Espanha e Portugal, ela foi proibida de operar. No Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados já abriu um processo para fiscalizar as operações.
A preocupação é com os dados que estão sendo coletados. A Íris é um dado biométrico extremamente sensível e que não pode ser alterado. Em caso de vazamento, os prejuízos poderiam ser enormes.
“Se essa empresa, no futuro, mudar a sua política, vender os dados ou sofrer um vazamento, a pessoa que fez esse cadastro, ela vai ser diretamente afetada, então é muito importante entender isso”, disse o especialista em tecnologia Arthur Igreja.
A empresa alega que, logo após o escaneamento, a imagem da íris é convertida em um código criptografado e apagada. Ela explica que a iniciativa é para criar um cadastro com uma espécie de "prova de humanidade", o que ajudaria, no futuro, a diferenciar contas de robôs e inteligências artificiais dos humanos.
“É uma iniciativa que nesse momento soa futurista. É uma mistura de uma nova tecnologia, de biometria e segurança, mas também com um toque de bitcoin, de blockchain, então por enquanto é abstrata a utilização no dia a dia”, concluiu o especialista.