Em conversa com Biden, Lula diz que não vai interferir na Venezuela

Presidente do Brasil afirmou que irá endossar denúncias de fraude se houver comprovação

Da redação

Os presidentes Lula e Joe Biden conversaram sobre a situação da Venezuela após as eleições presidenciais nesta terça-feira (30). No telefonema de mais de 40 minutos, Lula afirmou que não deseja interferir em disputas políticas em países soberanos e só irá endossar a denúncia de fraude se houver comprovação. 

A conversa, acompanhada pelo chanceler Mauro Vieira e auxiliares, foi vista pelo Planalto como tentativa da Casa Branca pressionar Lula a ter posicionamento mais incisivo contra o ditador Nicolás Maduro. 

Pela tarde, Lula falou pela primeira vez sobre as eleições na Venezuela. Para a TV Centro América, Lula disse que para resolver a briga, é preciso que autoridades apresentem atas de votação e que está convencido de que o processo eleitoral foi "normal e tranquilo". 

O posicionamento é distante da própria Casa Branca, que mais cedo divulgou um comunicado onde cita claros sinais de que os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela não refletem a vontade do povo venezuelano. 

A Organização dos Estados Americanos também não reconhece a vitória de Maduro. O relatório da OEA cita ilegalidades, vícios e más práticas na apuração. Diz também que o conselho eleitoral não apresentou dados que comprovem o resultado e que números divulgados apresentam erros. 

Países da América Latina também repudiam o resultado. O chanceler da Colômbia pediu uma apuração imparcial e o governo do Peru foi além: reconheceu González Urrutía como novo presidente eleito na Venezuela. 

Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais, voltou da Venezuela e fez um balanço ao Palácio do Planalto. Na segunda-feira (29), ainda em Caracas, Amorim cobrou de Maduro a divulgação das atas eleitorais e recebeu como resposta que serão publicadas nos próximos dias. 

Em seguida, o braço-direito de Lula nas relações internacionais foi recebido por Urrutía, que mostrou a Amorim o que seriam comprovantes de mais de 70% dos locais de votação que comprovariam a vitória dele e pediu apoio do Brasil. Urrutía ainda disse que não confiará nas atas apresentadas pelo Conselho Nacional da Venezuela, que, para ele, seriam fraudadas pelo regime de Maduro. 

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