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Eleições na França mostram rejeição de Macron e força da extrema-direita

Partido de Marine Le Pen agora tem grandes chances de indicar o novo primeiro-ministro francês

Por Sonia Blota

Na França, depois da vitória do partido de Marine Le Pen no primeiro-turno das eleições legislativas, aumentou a chance da extrema-direita ter força para indicar o novo primeiro-ministro.

Num país onde o voto não é obrigatório, os franceses compareceram em massa às urnas. Participação de quase 67% dos eleitores, a maior desde 1997. As urnas passaram um recado claro: um descontentamento enorme com o governo do presidente Emmanuel Macron, o maior derrotado neste domingo (30). 

Três semanas atrás, Macron apostou todas as fichas ao antecipar as eleições que só aconteceriam em 2027, depois que a direita ganhou força nas eleições do parlamento da União Europeia. Os resultados mostram que a estratégia deu errada: o partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen, terminou o primeiro turno com 33% dos votos. A coalização de Esquerda, a Nova Frente Popular, ficou em segundo com 28%, enquanto a coalizão de centro, de Macron, terminou com 20% dos votos.

Essa projeção mostra que o partido de Macron deve cair de 250 para no máximo 100 cadeiras na Assembleia Nacional. A extrema-direita pode saltar de 88 para até 280 e o bloco de esquerda de 125 a 165 cadeiras. Mas a decisão fica mesmo para o segundo turno, no próximo final de semana.

Marine Le Pen, reeleita como deputada, pediu que os eleitores deem a maioria absoluta ao partido dela. Na França, para conseguir maioria do Congresso, as coalizões precisam somar 289 cadeiras. E ganham o poder de indicar o primeiro-ministro.

Se conseguir o feito, o Reunião Nacional quer indicar Jordan Bardella, de 28 anos, o principal discípulo de Le Pen. Na campanha, Bardella conseguiu ampliar o perfil de eleitores do partido, com um discurso mais leve sobre as políticas anti-imigração e mais nacionalistas da extrema-direita.

Caso o partido de Marine Le Pen tiver maioria absoluta na nova Assembleia Nacional, a França terá um governo de coabitação, quando o primeiro-ministro é de um partido de oposição ao presidente. A última vez que isso aconteceu foi há 22 anos, mas nunca com a extrema-direita de um lado.

Se esse cenário acontecer, Macron ficará isolado: cuidando apenas da política externa e da defesa. E questões internas, como imigração e economia, ficariam a cargo do novo primeiro-ministro.

Entenda o sistema eleitoral francês

O sistema eleitoral francês é complexo. São 577 cadeiras em disputa, uma para cada distrito do país. No primeiro turno, seleciona apenas candidatos que somem mais de 50 por cento dos votos. Com os votos de domingo, 76 já estão eleitos: 39 da direita, 32 da esquerda e apenas dois macronistas.

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