Na rede estadual de ensino de São Paulo, o calendário de provas está mantido, mesmo após a identificação de erros grotescos no material digital produzido e fornecido pela Secretaria de Educação. Nas escolas, professores dão aula com medo de usar os slides e alegam que a pasta não os orienta.

Os alunos têm provas do bimestre marcadas para daqui a menos de duas semanas, com base nesse material digital. Sob a condição de anonimato, professores revelaram à Band que a situação gera insegurança nas salas de aula.

Eu acho que fica muito inseguro tudo o que está acontecendo. A gente é obrigada a usar esse material porque a prova paulista, que vai ser aplicada a partir do dia 18 de setembro, é em cima desse material. Então, gera essa insegurança (professora sob anonimato)

“Praia em São Paulo”

Entre os erros grotescos, um dos slides diz que a cidade de São Paulo tem praia. Outro afirma que quem assinou a Lei Áurea foi Dom Pedro II em vez da princesa Isabel, filha do então imperador.

Alunos do 7º ano do ensino fundamental receberam conteúdo digital que dizia que água contaminada pode transmitir doenças como Parkinson e Alzheimer. Outros erros foram achados em conteúdos ligados às disciplinas de história, matemática e biologia.

Pai demonstra preocupação

Entrevistado pela Band, o pai de duas alunas do ensino médio demonstrou-se preocupado com a educação das filhas.

Os diretores da escola estão, quase de forma imposta mesmo, falando para que os professores usem as apostilas, mesmo contendo os erros. A preocupação com a absorção do conhecimento que deveria ser importante para a escola (pai de alunas)

Secretaria afastou servidores

A Secretaria Estadual de Educação disse que afastou os servidores responsáveis e que todos os erros foram corrigidos, além de reafirmar que o calendário das provas está mantido. Apesar disso, um erro ainda permanecia numa atividade de matemática, a ausência de uma letra num plano cartesiano.

O objetivo da secretaria, agora, é evitar novos erros nos conteúdos que ainda serão passados para os alunos. A pasta informou que 50 revisores analisam todo o material de aulas programadas para setembro, outubro e novembro.

Material 100% digital

Os slides são uma proposta do governo de São Paulo para ter um material 100% digital produzido pela Secretaria de Educação, reproduzidos para 3,5 milhões de alunos da rede estadual.

O secretário da Educação, Renato Feder, não quis gravar entrevista. No mês passado, ele disse que a gestão de Tarcísio de Freitas não usaria mais o material didático do governo federal, algo inédito para o estado. Depois de muitas críticas de especialistas, o governo voltou atrás e disse que os livros aprovados pelo Ministério da Educação continuariam na rede.