Três semanas de guerra no Oriente Médio. Até esta sexta-feira (27), o mundo inteiro conseguia ver de perto os bombardeios dentro da Faixa de Gaza. Mas, nas últimas 24 horas, os sons das bombas e tiros pode ser ouvido de longe, já que Israel expandiu sua operação terrestre e intensificou os ataques contra o território palestino, que ficou sem comunicação.
As explosões deixaram parte de Gaza no escuro. Quem está dentro do território não tem comunicação alguma com o mundo exterior. Não há internet e nem sinal de telefone. Em um dos poucos vídeos feitos na noite de sexta, dezenas de feridos chegam a todo o momento no maior hospital da Cidade de Gaza. O Hamas disse que pelo menos 400 civis morreram nas últimas horas.
Israel afirma este foi o maior ataque por ar, terra e mar feito até agora. Neste sábado (28), o dia amanheceu e várias explosões continuavam atingindo Gaza. Imagens divulgadas pelo exército israelense mostram destruição em massa. Cem aviões de guerra israelenses atingiram 150 alvos subterrâneos, incluindo túneis e áreas de combate do Hamas.
Pela manhã, o porta-voz do exército Daniel Hagari afirmou que as forças israelenses ainda estão ocupando o território palestino e deu um ultimato a quem permanece na região. “Por sua segurança, saiam imediatamente do norte de Gaza”, alertou.
Bilhetes como esse foram jogados pelo ar pra reforçar o recado israelense. O ministro da Defesa de Israel diz que as operações vão continuar até segunda ordem e que esta é uma nova fase da guerra.
Expansão do confronto
Na fronteira norte, Israel também contra-atacou o Hezbollah em suas bases no Líbano, após o grupo ter lançado foguetes. Na Cisjordânia, milhares de palestinos estão na rua protestando em defesa da Faixa de Gaza e onze pessoas foram presas pelas forças israelenses. Muitas pessoas estão aflitas porque estão sem contato com familiares que vivem em Gaza.
“As pessoas não podem se falar entre elas, saber o que está acontecendo em Gaza. Por que estão escondendo? Por que estão censurando a mídia? Nos mostra que está acontecendo em Gaza”, disse um manifestante.
A Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário Elon Musk, prometeu retomar o acesso à comunicação em Gaza, pelo menos para as organizações de ajuda humanitária. Até lá, jornalistas e civis não conseguem relatar o que acontece dentro do território palestino.
“Sem internet, aumenta a preocupação com os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Os diplomatas conseguiram um breve contato com os grupos que estão em Rafah, na fronteira com o Egito, e Khan Younes, no sul de Gaza. Todos estão bem e em segurança”, informou a jornalista Sonia Blota.
Israel em discordância com o Ocidente
A pior noite de bombardeios em Gaza mostra a primeira discordância do governo de Israel com seus aliados do Ocidente. Enquanto Estados Unidos e União Europeia defendem uma pausa humanitária do conflito, o governo israelense não aceita e diz que o conflito com o Hamas é a segunda Guerra de Independência do país.
Em coletiva para a imprensa na noite deste sábado (28), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o conflito “é um confronto da humanidade contra o mal”.
A expansão do conflito tem gerado pressão das famílias dos 229 israelenses mantidos como reféns pelo Hamas. “Queremos respostas, queremos que o governo nos responda. Estamos com medo e receio pelos reféns e nossas famílias”, disse um dos familiares.
O Hamas propôs soltar todos os reféns em troca da libertação dos presos palestinos em Israel, que passam de cinco mil, mas Israel vai no caminho contrário e acredita que intensificar os ataques é o único caminho para salvar seus presos.