A operação é arriscada e sem hora para acontecer. Pacientes e médicos ficam em alerta, sempre que o telefone toca. Um chamado para a captação de órgãos para doação pode transformar vidas.
No Brasil, o número de doadores de órgãos cresce, mas ainda não é suficiente para acabar com as filas de espera. Com base nisso, uma série especial do Jornal da Band mostrará histórias emocionantes de vidas que foram salvas por causa de transplantes.
Na reportagem desta quinta-feira (13), um dos personagens é o técnico de informática Vinicius De Souza, diagnosticado com cirrose hepática. Ele entrou na fila para o transplante de fígado em janeiro deste ano. Desde então, ele e a esposa ficam 24 horas em alerta, à espera de uma ligação.
A ansiedade é a mil com o telefone. Eu não sei a fundo qual seria a consequência de não aceitar a ligação. Acredito que alguém passaria na minha frente na fila
No Brasil, a partir de 2006, a fila de fígado passou a ser organizada pelo grau de gravidade do paciente. Os casos mais graves têm preferência, explicou Lúcio Pacheco, membro da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
No caso da fila para o rim, a organização se dá pela compatibilidade. Nesse caso, resta ao paciente fazer a hemodiálise, que consiste na filtração e limpeza do sangue.
Doação é solidária
As doações de órgãos, no Brasil, acontecem de forma solidária, ou seja, dependem do “sim” dos familiares, em caso de óbito do doador. Nos últimos anos, o número de “nãos” caiu. Em 2015, a taxa de negativas era de 43%. Em 2022, reduziu para 35%. No primeiro bimestre deste ano, 33%.
A maior parte dos transplantes depende da retirada de órgãos dos doadores que sofreram trauma cerebral irreversível. Cabe às famílias das vítimas a decisão final.
Segundo a ABTO, em 2022, mais de 7,5 mil foram consultadas. Do total, mais de 3,5 mil disseram “não”. Enquanto isso, mais de 2,6 mil pessoas morreram na fila do transplante.
Doação em vida
A doação em vida também pode ser feita, mas é menos comum. Apenas 12% dos transplantes realizados no país, em 2022, foram intervivos. Nessa modalidade, podem ser doados rim, medula óssea, pulmão e fígado.
O zelador Aparecido Vieira Ursolino Filho começou a ter os primeiros sintomas da cirrose hepática em maio do ano passado. Com o diagnóstico, um alívio. Os três filhos poderiam doar parte do fígado.
Eu fiquei pensando: ‘Eu não mereço isso’. Porque a gente que bota eles no mundo. Eles, depois, distribuem tudo para a gente
O transplante intervivos é um procedimento de alta complexidade, uma escolha que precisa ser feita com segurança para que o receptor não tenha nenhum tipo de risco.