Desembargador afastado por vender sentenças seguirá recebendo R$ 100 mil por mês

Ivo de Almeida é suspeito de comercializar mudanças em decisões na Justiça de São Paulo

Por Sandro Barboza

O desembargador Ivo de Almeida, investigado por vender sentenças no Tribunal de Justiça de São Paulo, seguirá recebendo salário mesmo afastado do cargo. O jurista é suspeito de envolvimento em esquema que vendia sentenças e dava regimes mais brandos a réus após análises de recursos. 

Ivo de Almeida também responde a um processo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça e deve ficar afastado por um ano, mas com salário integral, que em maio atingiu mais de R$ 100 mil. 

A suspeita da Polícia Federal aponta que o agora ex-presidente da Primeira Câmara de Direito Criminal tinha uma intensa relação com um grupo de advogados. Em um dos casos investigados, dois criminosos com diversas passagens pela polícia tiveram condenação alterada do regime fechado ao semiaberto, por decisão do desembargador. 

No caso, ele considerou que, apesar da reincidência dos réus, não havia motivo para ficarem presos. A operação que investiga a venda de decisões judiciais por Ivo de Almeida ocorreu na quinta-feira (20) e foi apelidada de 'Churrascada', inspirada no código usado pelos envolvidos no esquema para indicar o dia em que o desembargador estaria de plantão e poderia favorecer a atuação do grupo criminoso. 

O termo "dia do churrasco" representava o dia ideal para a execução das fraudes. Além do desembargador, alguns advogados do interior paulista também estão sendo investigados. 

As autoridades não divulgaram os detalhes das sentenças suspeitas, nem os nomes dos beneficiados pelas decisões judiciais vendidas. A operação pode ter conexões com facções criminosas atuantes em São Paulo.

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