Delação aponta que Ronnie Lessa serrou arma que matou Marielle e Anderson Gomes

Élcio Queiroz afirmou que acusado de matar vereadora e motorista jogou pedaços do armamento no mar da Barra da Tijuca

Por Fernando David

A arma utilizada para matar Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes nunca foi encontrada, mas, em delação premiada, o ex-policial militar Élcio Queiroz deu indícios de onde foi parar o armamento. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (24) pela Polícia Federal. 

Na delação, Élcio Queiroz afirmou que Ronnie Lessa, sargento expulso da Polícia Militar em fevereiro deste ano e acusado de matar a vereadora e o motorista em 2018, teria serrado e jogado a arma do crime no mar na região da Barra da Tijuca. 

O armamento, segundo Élcio, foi desviado do BOPE após um incêndio. Quando questionado pelo delegado, o delator conta que Ronnie contou que “serrou ela todinha, pegou a embarcação na Barra da Tijuca, foi numa parte mais funda e jogou ali”. 

Além da arma, ele confessou que, no dia seguinte ao crime, o carro usado no assassinato foi levado até a Zona Norte do Rio de Janeiro para ser desmanchado por Edmilson Barbosa dos Santos, conhecido como "orelha", um dos alvos da Operação Élpis

Operação prendeu também ex-bombeiro

A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro prenderam, na manhã desta segunda-feira (24), Maxwell Simões Correa na primeira fase de investigação que apura os homicídios de Marielle Franco e de Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

Maxwell Simões Correa é apontado como amigo de Ronnie Lessa, policial reformado acusado de efetuar os disparos. Ainda não há informações sobre os outros alvos da operação. Maxwell foi condenado em 2021 por atrapalhar as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Em janeiro, a Justiça do Rio de Janeiro concedeu prisão domiciliar ao ex-sargento do Corpo de Bombeiros. 

Cronologia do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes


  • 14 de março de 2018: Marielle Franco e Anderson Gomes são assassinados.
  • 15 de março de 2018: Giniton Lages assume a Delegacia de Homicídios do Rio e o caso.
  • 21 de março de 2018: O MPRJ escolhe um grupo de promotores para a apuração do crime.
  • 01 de setembro de 2018: Entra no caso o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). Acontece a primeira troca de promotores do MPRJ.
  • 25 de setembro de 2018: Orlando Curicica, encarcerado no Presídio Federal de Mossoró por crimes ligados à milícia, menciona o ‘Escritório do Crime’ para os investigadores. Uma testemunha cita o vereador Marcello Siciliano por suposto envolvimento na morte de Marielle. Siciliano foi preso, mas o envolvimento dele foi descartado depois.
  • 11 de outubro de 2018: Investigações do MPRJ identificam biotipo do executor do crime e rastreiam novos locais por onde circulou o carro usado no crime.
  • 11 de março de 2019: A primeira fase de investigações é encerrada. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são denunciados por homicídio doloso.
  • 12 de março de 2019: Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa são presos no Rio de Janeiro.
  • 25 de março de 2019: Giniton Lages é substituído por Daniel Rosa na Delegacia de Homicídios do Rio.
  • 23 de maio de 2019: Polícia Federal aponta que foram dados depoimentos falsos para dificultar a solução dos homicídios.
  • 11 de setembro de 2019: A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pede a federalização das investigações.
  • 10 de março de 2020: Justiça do Rio determina que Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz sejam levados a júri popular.
  • 27 de maio de 2020: Superior Tribunal de Justiça (STJ) nega a federalização das investigações.
  • 17 de setembro de 2020: Delegado Daniel Rosa deixa o caso. Moisés Santana assume o lugar dele.
  • 05 de julho de 2021: Terceira troca na Delegacia de Homicídios: sai Moisés Santana, entra Edson Henrique Damasceno.
  • 02 de fevereiro de 2022: Quarta troca: Edson Henrique Damasceno é substituído por Alexandre Herdy.
  • 30 de agosto de 2022: Supremo Tribunal Federal (STF) nega recursos das defesas de Ronnie Lessa e Élcio Vieira, e mantém decisão sobre júri popular.
  • 22 de fevereiro de 2023: O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anuncia abertura de inquérito da Polícia Federal para investigar assassinatos.
  • 04 de março de 2023: MP do Rio define novos promotores do caso Marielle Franco.
  • 10 de julho de 2023: Élcio Queiroz faz delação premiada sobre assassinatos de Marielle e Anderson Gomes
  • 24 de julho de 2023: Operação Élpis prende envolvidos na morte de Marielle Franco

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