Das favelas do Rio de Janeiro, a intolerância religiosa também tomou cidades da região metropolitana, áreas onde jornalistas nem podem entrar. Em cidades da Baixada Fluminense, a perseguição contra fiéis da umbanda e candomblé tem sido cada vez mais intensa.
É o que ocorre em Duque de Caxias, mães e pais de santo são expulsos de comunidades. “Isso ocorre toda hora, não acontece mais porque alguns se antecipam e saem, quando começa o burburinho, eles vão embora”, explica Márcio de Jagun, coordenadora-geral de Diversidade Religiosa do Rio de Janeiro.
“Eu me ver saindo dentro da mala de um carro como traficante, marginal, como é que sairia fugido? Minha moradia! Nunca fiz nada contra a conduta de qualquer morador”, diz vítima, que não quis se identificar.
Esta vítima é um pai de santo, que fugiu do terreiro no porta-malas do carro. “Foi uma humilhação, me senti o próprio entulho que ali surgiu, junto com tudo aquilo”, relembra. Parte do terreiro dele foi destruído por milicianos que atuam na Baixada Fluminense.
“Vivenciei quarto sendo derrubado, sem poder fazer nada. Um patrimônio dado pelos antepassados de 1950 ser demolido em meia hora, simplesmente. O mundo desabou, a vida se acabou ali”, diz.
O pastor evangélico Vladimir Oliveira recrimina atitude de criminosos. “Já fomos um grupo minoritário, que sofreu estereótipos, xingamentos, palavras de baixo calão. Jesus de maneira alguma iria estabelecer discurso de ódio para uma outra concepção, outra realidade, outro relacionamento de pessoas com sagrado, seja quais forem”, afirma.