A abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os ataques em Brasília, em 8 de janeiro, tem tudo para virar uma queda de braço. A oposição possui um número suficiente de assinaturas, mas o governo articula para barrá-la.
Para a CPI sair do papel, a autora do requerimento, Soraya Thronicke, tem assinaturas de sobra, mas enfrenta forte pressão do governo para retirada de apoios. Hoje são 38 adesões das 27 necessárias. A senadora intensificou conversas, neste sábado (11), com parlamentares para evitar desistências.
Uma CPI é instalada quando tem número mínimo de apoio. Além disso, precisa-se destinar um orçamento para o andamento do processo. A cobrança agora é pela leitura no Plenário pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Se isso não acontecer, a senadora vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu já estou com todos os recursos do regimento interno, todas as providências administrativas prontas para a primeira sessão deliberativa. Se não for lido na primeira sessão deliberativa, eu vou judicializar”, disse a senadora.
A última CPI instalada no Senado foi a referente à pandemia de covid-19. O trâmite foi o seguinte: Pacheco não deu abertura e senadores recorreram ao STF, que decidiu ser um direito da minoria.
Das 38 assinaturas, cinco são de senadores do PT. Todos manifestaram apoio antes do presidente Lula ter se mostrado contra a CPI. Ele tem dito que as investigações já acontecem por outros órgãos e teme o desgaste político. Até agora, não houve retiradas de apoio.
Nos bastidores, as articulações são para o PT retirar assinaturas, inclusive para convencer senadores do PSD e MDB a fazerem o mesmo. Se isso acontecer, a CPI fica inviável.