CPI da Covid: irmãos Miranda detalham suspeitas de corrupção na compra da Covaxin

Ambos reafirmaram que alertaram o governo sobre suspeitas envolvendo o contrato da vacina indiana; Bolsonaro disse que não foi dado nenhum centavo para o fabricante

Jornal da Band

Na CPI da pandemia, os irmãos que denunciaram suspeita de corrupção na compra de vacina indiana reafirmaram que alertaram o governo, incluindo o presidente Jair Bolsonaro. 

O deputado Luis Miranda chegou com esquema de segurança e colete à prova de balas. O irmão dele, Luis Ricardo Miranda, se atrasou. Ele é o responsável pela área de importação do Ministério da Saúde.

Luis Ricardo estava no voo que trouxe vacinas da Janssen dos EUA ao Brasil nesta manhã. À CPI, afirmou que há um esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.

O presidente da CPI, Omar Aziz, perguntou o nome do servidor que pediu propina envolvendo as vacinas da Covaxin. Luis Ricardo. “O Ministério da Saúde estava sem vacina, e um colega de trabalho, Rodrigo, servidor, me disse que tinha rapaz que vendia vacina, e ele esse rapaz disse que alguns gestores dele estavam pedindo propina”.

O servidor identificado vai ser convocado para Explicar. Luis Ricardo disse que as notas fiscais recebidas, chamadas invoices, em 19 de março, apontavam duas irregularidades.

“O termo de pagamento era 10% antecipado. Outro requisito era a quantidade de apenas 300 mil doses. Tinha falhas nas invoices, e encaminhamos todas para o fiscal do contrato”, relatou o servidor. Os governistas afirmaram que os documentos foram corrigidos 3 dias depois, e deu discussão.

O deputado Luis Miranda disse que avisou pessoalmente a Jair Bolsonaro sobre "uma pressão atípica" e "pressa inexplicável", relatadas pelo irmão, para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin. O contrato de R$ 1 bilhão e 600 milhões foi fechado em 97 dias, contra 330 dias para o da Pfizer. A vacina indiana é fabricada pelo laboratório Barath Biotech, representado no brasil pela Precisa Medicamentos.

Para o comando da CPI, o que mais chama a atenção é que o pagamento para as duas empresas seria feito por meio de uma terceira companhia, sediada em Cingapura, um paraíso fiscal. 

O relator da CPI, Renan Calheiros, afirmou que a intenção seria dificultar o rastreio de possíveis crimes financeiros.

A Barath Biotech afirmou em nota que a Madison, empresa criada há 16 meses, faz parte do grupo. O deputado Luis Miranda também mostrou mensagens que enviou ao deputado Eduardo Bolsonaro e a um ajudante de ordens do presidente, alertando para possíveis casos de corrupção envolvendo a vacina indiana. 

No interior de São Paulo, Jair Bolsonaro se defendeu das denúncias. Disse que não foi dado nenhum centavo para o fabricante Covaxin, e que nenhuma dose dessa vacina foi recebida.

O contrato foi fechado durante a gestão do ex-ministro da Saúde. Eduardo Pazuello deve ser chamado pela terceira vez para depor na CPI.

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