Covid-19: Bairros de periferia têm mais mortes e menos vacinas

Falta de acesso a informação tem acentuado a desigualdade entre bairros ricos e pobres

Da Redação, com Jornal da Band

Em muitas cidades, a pandemia do novo coronavírus agravou a desigualdade social. Além de registrar mais mortes, bairros de periferia são os que menos vacinaram até agora em São Paulo. As informações são do Jornal da Band.

Em Sapopemba, zona leste da capital paulista, todo mundo conhece alguém que perdeu a batalha para a Covid-19.

“Muita gente. Ao todo, de camarada meu, já morreram umas 15 pessoas”, relata o aposentado Odair Gonçalves.

“Morreu bastante”, concorda Odair Peixoto, também aposentado. “Só lá perto da minha casa, morreram três. Fora os outros que eu fiquei sabendo depois.”

Os dois têm mais de 70 anos e já poderiam estar imunizados. Mas dizem que ainda não tiveram tempo.

Já Aparecido Soares vacinou, mas só dois meses depois do início da imunização da faixa etária – graças ao alerta de uma vizinha.

“Se não fosse ela, até agora não estava tomando ainda”, conta ele, igualmente aposentado.

A falta de informação é mais um traço que desenha a desigualdade social na pandemia. Os bairros mais pobres são os que mais perderam moradores para a Covid-19, e são os que mesmo vacinam em São Paulo. Todos ficam nas regiões mais afastadas do centro e são os mais populosos.

Enquanto os maiores distritos com maior renda média já imunizaram 20% da população com as duas doses, os outros ainda estão na marca de 5%.

São os casos de Cidade Tiradentes (4%) e Sapopemba (7%). Já bairros ricos como Jardim Paulista e Perdizes passam dos 20% - respectivamente 21% e 23%.

“Existe uma desinformação muito grande em relação à questão das vacinas nos bairros mais vulneráveis”, afirma Jorge Abrahão, coordenador da organização Rede Nossa São Paulo.

“Não há um alinhamento do governo federal com os governos estaduais e municipais. E quem paga por isso é, na verdade, a população.”

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