A comunidade científica do Brasil se mobiliza para tentar reverter um corte de quase 90% na verba federal para o setor. O trabalho de mais de 30 mil pesquisadores deve ser afetado.
É o caso de Ana Carla Bibiano, doutoranda e bolsista do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), principal agência de financiamento de pesquisas do país. Ela desenvolve métodos para melhorar o funcionamento de softwares.
“Não vou ter o maquinário necessário para coletar os dados. Eu não vou poder apresentar os meus trabalhos para a comunidade científica, principalmente a comunidade internacional”, diz a pesquisadora.
A pedido do Ministério da Economia, o Senado aprovou um projeto que retira R$ 600 milhões da Ciência e Tecnologia neste ano. O dinheiro vai para outros ministérios, como Desenvolvimento Regional e Comunicações.
Só sobraram cerca de R$ 90 milhões para a área, e a maior parte – R$ 63 milhões – será usada na compra de remédios contra o câncer.
Entidades científicas alertam que, se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionar o projeto, pesquisas importantes terão que ser interrompidas.
“Qual é o impacto disso no país? É só ver o que está acontecendo nos Estados Unidos, na Europa, na China. Eles estão investindo fortemente em ciência e tecnologia, e estão precisando de cérebros. Então, o Brasil vai se transformar num grande mercado de cérebros, de exportação”, diz o físico Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.
O Ministério da Economia afirma que os recursos para a área científica vão ser aumentados no orçamento do ano que vem.