
Um estudo inédito revela o crescimento do uso de analgésicos considerados opióides, aqueles que podem causar dependência. Nos últimos 11 anos, o consumo aumentou em 9 vezes no Brasil. A equipe do Jornal da Band flagrou uma farmácia, em São Paulo, vendendo remédios sem receita.
Nossa equipe entrou nesta farmácia, no bairro Consolação, região central de São Paulo. Pedimos por um opioide chamado “tramadol”.
“Tá com a receitinha?”, pergunta o atendente. Em seguida, o repórter responde negativamente. O homem, então, questiona “100 miligramas, né?”.
Na sequência, o atendente conversa com outra funcionária, vai para o fundo da loja e volta com os opióides. Ele explica uma diferença de preço, entre a venda com e sem receita, afirmando que, sem a indicação médica, o valor é, praticamente, dobrado.
O comércio ilegal de opioides contribui para o aumento do consumo. Um estudo da UNIFESP, financiado pelo Ministério da Justiça, aponta que entre 2012 e 2023, o uso de análgésicos opioides subiu de 0,8% para 7,6%.
Essa classe de medicamentos, que inclui morfina e codeína, por exemplo, é importante para o tratamento de dor crônica, de alguns tipos câncer e na recuperação depois de cirurgias. Mas se usados sem orientação médica, os opioides causam dependencia química. E, em excesso, podem provocar uma overdose.
“Em alguns casos, você chega a um consumo de uma dose que pode ser letal para você”, explicou o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira ao Jornal da Band.
Em outra farmácia visitada pela nossa equipe, os opióides só são vendidos mediante apresentação de receita. Os medicamentos ficam em uma sala com acesso controlados. Apenas o farmacêutico tem autorização para pegar o remédio e todas as receitas ficam guardadas por cinco anos.
A vigilância sanitária e os conselhos de farmácia são responsáveis pela interdição e punição dos estabelecimentos e os profissionais que vendem remédios controlados sem receita.