Os altos preços da carne bovina obrigaram o brasileiro a reduzir o consumo. Até as churrascarias estão se reinventando
A churrasqueira que antes ficava repleta de espetos agora só tem um ocupado. Um dos exemplos do baixo consumo de carne bovina é uma churrascaria no Rio Grande do Sul que existe há 60 anos. No momento da reportagem, 25 mesas eram atendidas - apenas uma com churrasco.
“A gente começou a focar em outras partes. Saladas, acompanhamentos, do que a própria carne. Ela [a carne] ainda sai, mas a porcentagem de aumento de frangos e os acompanhamentos é muito maior do que as carnes”, explica Rafael Furini Motta, dono da churrascaria.
Não é de hoje que o preço da carne bovina está aumentando. E o resultado é que a procura despencou para o nível mais baixo em três décadas.
Nos anos 80, tempo da hiperinflação, cada brasileiro consumia em média cerca de 26 quilos de carne por ano. O valor chegou a 30 quilos, da década seguinte até alcançar 45 quilos perto de 2010. Mas, desde então, a média tem diminuído. Em 2021, voltou ao patamar da “década perdida”: 26,5 kg.
Neste período, o que subiu foi o consumo de carne suína (17 kg) e, principalmente, de aves (47 kg).
“O brasileiro, por conta da crise, teve que reduzir um pouco o consumo da carne bovina em função do preço, mas não deixou de comer carne”, explica Ricardo Santin, presidente Associação Brasileira de Proteína Animal.