Do passado de abundância ao presente de carência e fome. A Venezuela, que atualmente é um dos principais palcos de tensão no continente, antes dava inveja aos vizinhos, como sinônimo de desenvolvimento. Nos anos 50, graças à produção de petróleo, o PIB per capita dos venezuelanos só era menor que o dos americanos, suíços e neozelandeses.
Venezuela também era sinônimo de liberdade. Nos anos 70, o país era paraíso monetário e democrático de quem fugia de ditaduras na América Latina e Europa, investindo fortemente em educação e cultura. A situação é bem diferente do que ocorre hoje.
O PIB per capita nos dias atuais é de pouco mais de US$ 3,6 mil e o salário mínimo é de cerca de R$ 20 por mês. Metade da população venezuelana vive abaixo da linha da pobreza. A ditadura de Hugo Chávez até conseguiu melhorar as condições de vida nos anos 2000, situação que Nicolás Maduro não conseguiu manter, mergulhando a nação na miséria.
É o que explica a professora de Relações Internacionais Flávia Loss. "Maduro é um político que não tem o mesmo carisma ou sorte de Chávez. É com ele que o preço do petróleo cai e, sem projeto para diversificar a atividade econômica, há a crise", diz.
Chávez começou um processo de perseguição a opositores e empresários, intensificado por Maduro. Milhares de empresas fecharam e o desemprego e desabastecimento cresceram. O investimento e a renda praticamente desapareceram e, sem perspectiva, com medo e fome, milhões deixaram o país.
A Venezuela possui a maior reserva de petróleo do mundo, o que significa muito dinheiro. Como explicar então que um país com uma das maiores riquezas da humanidade seja tão pobre?
Tudo passa pela forma de explorar o petróleo e usar o dinheiro para desenvolver o país. A Noruega, que seguiu o caminho contrário da Venezuela, prosperou e saiu da pobreza para o segundo maior índice de desenvolvimento humano do mundo. E um detalhe: com uma reserva de petróleo muito menor que a da Venezuela.