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Comissão da Anistia aprova pedido de perdão por perseguir japoneses no Brasil

Pelo menos 172 imigrantes foram presos, discriminados e agredidos durante os governos de Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra

Por Giba Smaniotto

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Reprodução/Band

A Comissão da Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania julgou e aprovou o pedido de desculpas e o reconhecimento de que o Brasil perseguiu imigrantes japoneses durante a época da Segunda Guerra Mundial. 

Pelo menos 172 imigrantes foram presos, discriminados e agredidos durante os governos de Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra, que terminou em 1946. A denúncia era centralizada nos casos de discriminação contra a comunidade nos anos da guerra e depois do fim do conflito. 

O presidente da Associação Okinawa Kenjin do Brasil participou do momento. "Resgatou a honra e a dignidade dos imigrantes japoneses e seus descendentes que sofreram as graves violações dos direitos humanos", disse Ritsutada Takara, presidente da associação. 

Os imigrantes eram acusados de integrar a seita ultranacionalista Shindo-Renmei, pessoas que se negavam a acreditar que o japão tinha perdido a guerra, mesmo com a rendição em setembro de 1945, após os americanos lançarem as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. 

O jornalista e escritor Fernando Morais, autor de "Corações Sujos", conta que quem não acreditava nas notícias falsas da seita, morria. E o governo brasileiro sabia dos focos da seita no país. "O governador de São Paulo, Adhemar de Barros, ficou sabendo dos focos. A polícia estadual começa a identificar vários focos de assassinatos na comunidade. E aí, o Adhemar resolve apaziguar a guerra entre as duas metades da colônia", conta. 

O medo da seita aumentava dia após dia no Brasil e a comunidade japonesa sofria com represálias. 200 escolas foram fechadas, jornais impedidos de circular e empresas foram confiscadas. "Não podia ter bens acima de 50 dólares. Então o estado confiscava todos esses bens. Desde uma quitanda de banana até um banco", conta. 

Os japoneses faziam de tudo para não serem notados e até fingiam ser chineses, fazendo pastel, negócio trazido pelos vindos da China antes dos anos 1940.

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