Cidades afetadas pelos temporais receberam mais de R$ 700 milhões em royalties

Esse orçamento reforçado não impediu que essas cidades sofressem sérios danos por causa das fortes chuvas

Filipe Peixoto

O orçamento de cidades litorâneas próximas a pontos de extração de petróleo em alto-mar tem um incremento que deixa muitos prefeitos com inveja. São os royalties, uma compensação financeira que empresas do setor, principalmente a Petrobras, pagam para união, estados e municípios. Com a alta do preço internacional do petróleo, essa bolada está cada vez maior.

Cinco cidades do litoral paulista que decretaram estado de calamidade pública receberam em 2022 mais de 700 milhões de reais em royalties de petróleo.

Um aumento de 17% em relação a 2021. Ilhabela está no topo da lista com quase metade do valor, seguida por São Sebastião, Caraguatatuba, Bertioga E Ubatuba. 

Mas esse orçamento reforçado não impediu que essas cidades sofressem sérios danos por causa das fortes chuvas. As prefeituras podem amenizar o impacto de desastres naturais investindo na prevenção.

“Eles podiam, além de guardar uma parte do dinheiro que eles arrecadam com o petróleo, para construir mecanismos de defesa e de prevenção desse tipo de acidente” afirmou Raul Velloso, consultor econômico.

Tirar os moradores das áreas de risco e criar soluções de engenharia que ajudam no escoamento da água são alguns exemplos de investimentos preventivos. 

“O princípio da lei foi esse: se o petróleo é finito, vamos investir de tal maneira que essas cidades que forem impactadas, cidades e estados, elas consigam sobreviver, então vamos investir em coisas de estrutura. Eu entendo que malha viária, segurança da população, educação e saúde são estruturantes” disse Eberaldo Almeida, especialista do setor do petróleo.

“O problema brasileiro não é a falta de recursos. É um problema de como você aloca isso e a eficiência no uso de recursos. Quando você tem um anúncio, a previsão de que vai haver uma precipitação, a região não é evacuada, as pessoas não são prevenidas. Não há um trabalho para evitar as quarenta mortes. Esse é o ponto central” finalizou o cientista político Fernando Schuler.

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