Oferecer abrigo aos refugiados foi uma missão abraçada pelos moradores de Prudentópolis, no Paraná. Dos 52 mil habitantes da cidade paranaense, 80% são descendentes de ucranianos. E a guerra com a Rússia aumentou a chegada de mais refugiados.
Kseniia Aleinikova veio sozinha ao Brasil para fugir dos horrores da guerra. Conseguiu um emprego, aprendeu um pouco de português e agora sonha em trazer os familiares. Ela fala da vida em uma nova terra.
"Porque pra mim é muito complicado o clima. Gosto muito de ir em igrejas", disse em português.
A presença dos refugiados rendeu homenagens na região. O time de futebol Batel, da cidade vizinha de Guarapuava, usou camisas da equipe ucraniana de Mariupol, cidade devastada pela guerra. A iniciativa rendeu um filme publicitário que foi premiado no Festival de Cannes, na França
Yuliia Antiukhova, que também é refugiada, se emociona ao lembrar de sua terra natal, mas por enquanto, evita pensar no futuro.
“Quando a guerra começou, eu entendi que não posso planejar minha vida”, lamentou.
Elas são as únicas que ainda estão em Prudentópolis. Os outros 25 refugiados, que estavam na cidade desde o início do conflito, já deixaram o Brasil. A maioria deles são mulheres e crianças, já que os homens foram convocados para lutar na guerra.
A dificuldade em aprender português e a saudade dos familiares são os motivos que levaram quase todos os refugiados ucranianos a retornar à Europa, para países como Alemanha e Polônia. Só duas famílias decidiram voltar à Ucrânia, mas em cidades do interior do país, consideradas mais seguras por serem longe da fronteira com a Rússia.
“Foi difícil esse trajeto, durante um ano, sem os maridos. Desde o começo eles estavam pensando que vão voltar”, analisou o pastor Vitalii Arsholik, que coordena o grupo de refugiados na cidade.