Próxima a província de Salta, está Tucumán, uma região montanhosa que reúne histórias, mistérios e a ancestralidade da Argentina. A província impacta os turistas pela ampla variedade de flora e fauna, além das grandes serras e a história do local. O segundo episódio da série do Jornal da Band ‘Argentina, Cores do Norte’, visita a cidade milenar de Quilmes, que fica em Tucumán.
Em uma das paradas antes da cidade, a equipe se depara com uma pequena vinícola comunitária, a primeira latino-americana. “É administrada por um povo originária e a primeira, depois vem uma no Canadá e Austrália”, conta Sebastião Pastrana, produtor e administrador da vinícola.
Ancestralidade é um dos pontos fortes de Tucumán, onde descendentes de diversos povos se juntam para manter as tradições. É ali que descendentes de Diaguitas, que ocuparam a região há mais de 10 mil anos, se juntaram para produzir vinho de altitude, a pelo menos 1500 metros acima do nível do mar.
Tradição é sagrada em Quilmes
Todo primeiro de agosto no calendário Andino, é ano novo, um momento de pedir proteção para Pachamama.
“Pedimos abundância, oferecemos água, porque água sempre é o que nos dá vida. O vinho, sempre presente na cerimônia também”, explica o guia Gonzalez.
Além das bebidas, feijão, uva, milho, castanhas, abóbora e folha de coca estão na cerimônia, usada para enfrentar a altitude da serra argentina.
Quilmes traz história de luta e resistência
A cidade tem um dos sítios arqueológicos mais emblemáticos da arqueologia pré-colombiana. Os Quilmes tinham um vasto conhecimento da metalurgia, do tecido e da cerâmica, construindo uma fortaleza em meio às colinas para se proteger dos Incas e outros povos da região.
“Fundamentalmente eles tinham uma grande organização do ponto de vista militar. Eles sempre buscaram ser estratégicos de onde se posicionar, construir a cidade para viver, por essa razão, podem ter resistido tanto”, explica o guia Gonzalez.
Quilmes foi a civilização que mais resistiu à conquista espanhola. Foram 130 anos de conflitos com o Império da Espanha. Há diversas evidências arqueológicas das cidadelas de Quilmes do séc. IX.
Mas em 1665 o povo foi forçado a sair do local e muitos se tornaram prisioneiros dos espanhóis, tendo que caminhar 1200 KM até Buenos Aires. Das 2.600 pessoas levadas até a cidade, 800 chegaram lá, um ano após o começo da caminhada. Os Quilmes são ícone da resistência e, em um centro de interpretação, que reconstitui a história e ritos do povo, é possível conhecer melhor os guerreiros.