Petrópolis, a cidade imperial, nas últimas décadas se tornou também a das tragédias ambientais. Dessa vez, as chuvas atingiram até o centro histórico, repleto de imóveis e monumentos erguidos pela família real e visitado por milhares de turistas
A catedral onde estão os corpos de Dom Pedro II e da princesa Isabel por pouco não foi tomada pela água, que destruiu a ponte em frente ao monumento
O museu imperial, casa de veraneio da família, foi preservado. A enxurrada espalhou pânico pela região, na tarde desta terça-feira.
Mas embora essa tragédia em Petrópolis possa ter dimensão ainda maior que as anteriores, não é novidade para quem vive lá.
De tempos em tempos, moradores passam o dia como hoje, contando seus mortos. Consequência das chuvas, da topografia da região, mas principalmente, da omissão do poder público
Há relatos de mortos em Petrópolis por causa das chuvas desde o século 19. Só nas últimas três décadas, foram cerca de 500 vítimas na cidade. No verão de 1988, 134 pessoas morreram. Em 2011, a tragédia se repetiu.
Dos mais 900 mortos em toda região serrana, 74 eram de Petrópolis. Foi uma das maiores tragédias ambientais do mundo e gerou comoção, questionamentos e promessas. A principal: reduzir a população em áreas de risco, principalmente nas encostas que cercam a região. Mas segundo a própria prefeitura, até hoje 47 mil famílias vivem nessas áreas//
A principal estratégia adotada pelos gestores que há décadas se revezam no poder foi investir nas sirenes que alertam para o risco de deslizamentos e inundações. São 18 em Petrópolis e uma na região do morro da oficina, que concentra o maior número de mortos.