Um homem com problemas psiquiátricos, com armas legalizadas em casa e horas de tiroteio com a polícia no Rio Grande do Sul. O confronto em Novo Hamburgo terminou com a morte de Edson Crippa, o pai e irmão dele e dois policiais. O atirador já tinha sido internado pelo menos quatro vezes por esquizofrenia. A última teria sido em 2008 e o registro dele como CAC — Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador — existia desde 2007.
O atirador tinha renovado a licença de CAC em 2020, com um laudo psicológico assinado por um profissional cadastrado junto à Polícia Federal. Segundo o psicólogo fiscal Lúcio Fernando Garcia, o profissional avalia aspectos comportamentais para aprovar ou não um candidato ao registro.
"O profissional quando ele vai fazer essa avaliação ele vai verificar no candidato ou na candidata aspectos cognitivos, trações de personalidade, juízo crítico e de comportamento por meio de testagem e entrevistas que podem ser estruturadas ou semi estruturadas", diz.
O conselho regional abriu um procedimento para investigar o laudo emitido para Edson Crippa. O nome do psicólogo que assinou o documento não foi divulgado. Durante o exame pericial não há um sistema em que o profissional possa acessar históricos psiquiátricos. O laudo depende do que avaliado diz em consulta.
"A pessoa pode sim ocultar alguma informação, mas aí é de responsabilidade da própria pessoa", diz Leonardo, que confirma que não há comunicação do sistema de saúde com a segurança pública para o registro CAC.
"Não há comunicação, isso é que achamos importante discutir, porque não podemos ter uma pessoa com doença mental que possa surgir depois do registro de arma e o registro seguir normal", comenta. O Ministério Público Federal vai investigar se o registro de CAC de Crippa seguiu as normas estabelecidas pelo Governo Federal.
Marcas de tiros em casa em que homem matou pai e irmão no RS
Reprodução/Band