Tragédia do atirador que matou pai, irmão e policiais no RS aumenta debate sobre regras de CACs

Especialistas defendem rigidez nas normas para registros de Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores

Por Rodrigo Hidalgo

Tragédia do atirador que matou pai, irmão e policiais no RS aumenta debate sobre regras de CACs
CACs precisam passar por testes
Reprodução/Band

Nove horas de cerco, dezenas de policiais contra um homem de 45 anos armado e farta munição. Depois da ação, quatro mortos: o atirador Edson Crippa, o pai e o irmão dele e dois policiais. Outro militar está na UTI, em estado grave. Edson tinha quatro armas legalmente registradas e registro de CAC — Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador — apesar do diagnóstico de esquizofrenia. 

O caso gerou um debate: como alguém com problemas psiquiátricos consegue o direito de possuir armas? Nelson de Oliveira Júnior, dono de um estande de tiros, explica que conseguir o registro tem exigências grandes. "Para ser CAC, é preciso ser filiado a um clube de tiro, fazer exame psicológico, exame de aptidão técnica, tirar todas as certidões da polícia, da justiça federal, estadual, militar, eleitoral", explica. 

Edson Crippa era CAC desde 2007 e feito a última renovação do registro em 2020 — com validade até 2026 — com atestados assinados por profissionais credenciados junto à Polícia Federal.

"Uma pessoa hoje pode estar bem, mas daqui a 10 minutos, não estar mais. Naquele momento, fato, o psicólogo aprovou o rapaz para passar pelo exame", avalia Nelson. Especialistas defendem que o compartilhamento de informações psiquiátricas com os órgãos de segurança poderia evitar tragédias como a que aconteceu no Rio Grande do Sul.

É o que aponta o especialista Rafael Alcadipani. "É importante que a legislação previsse que fosse feito um histórico mais elaborado a respeito da saúde mental dessa pessoa, sendo obrigada essa pessoa a revelar para as autoridades, para o governo, na hora que ela vai pedir esse tipo de registro, se ela tem algum histórico de questão mental, qual remédio ligado a saúde mental ela toma", pontua. 

A partir do ano que vem, o controle dos CACs passará do Exército para a Polícia Federal, que promete regras mais rigorosas. 

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