Ele não tinha antecedentes criminais e estreou no mundo do crime tentando transportar 1,3 tonelada de cocaína num jatinho, em Fortaleza. O espanhol Angel Alberto Gonzalez morreu no último domingo (24) de uma doença terminal, pouco mais de dois meses depois de ser preso. A Polícia Federal acredita que a prática criminosa possa ter acontecido para que ele deixasse uma “herança” para a família.
Um homem comum, com um padrão de vida médio, que é diagnosticado com um câncer de pulmão terminal e vê no tráfico de drogas uma oportunidade para deixar dinheiro para a família quando morrer. Essa é a trama de uma das mais assistidas e premiadas séries de TV: “Breaking Bad”. A investigação da polícia brasileira analisa uma história bem parecida com a do protagonista da série, o professor de química Walter White.
O engenheiro Angel Alberto González Valdés, de 60 anos, acabou preso em flagrante com uma carga de cocaína avaliada em R$ 300 milhões em um jatinho no aeroporto de Fortaleza, junto com um homem turco.
Angel levava uma vida tranquila com família na Bélgica. Na audiência de custódia, confirmou-se que ele não tinha antecedentes criminais.
Durante as investigações, a polícia descobriu novos elementos que lembram a série norte-americana: antes de embarcar para o Brasil, onde acredita que atuou como “mula de luxo” do tráfico, o engenheiro teria deixado com a família 500 mil euros - que seriam um adiantamento pelo transporte da cocaína.
Diferentemente do personagem da ficção, Angel teve metástase. Ele morreu no último domingo (24), em um hospital público da capital cearense, sob guarda policial, levando consigo informações que poderiam confirmar a suspeita dos investigadores.
Como mostrou reportagem exclusiva do Jornal da Band, a suspeita dos investigadores é que o verdadeiro dono da droga seria o megatraficante Sergio Roberto de Carvalho, ex-major da PM do Mato Grosso do Sul que se tornou foragido da Interpol e é procurado em cinco países. Ele enriqueceu com o tráfico internacional de cocaína.
Carvalho chegou a ser preso em 2018 em um balneário espanhol, onde levava uma vida de luxo, mas acabou solto para responder em liberdade e desapareceu.
Tanto Angel quanto o carregamento, que seria vendido por 45 milhões de euros, embarcaram no avião em Ribeirão Preto, no interior paulista, área de domínio do PCC. Só que a polícia descobriu que também estava previsto o embarque de outros três passageiros, que nunca apareceram.
Os agentes agora tentam descobrir a identidade dessas pessoas e se elas têm envolvimento com o narcotráfico.