O governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória anunciada por Nicolas Maduro e determinou que a embaixadora em Caracas não comparecesse a cerimonia que oficializou a reeleição do ditador venezuelano.
O assessor especial para assuntos internacionais de Lula adiou o retorno ao Brasil. Celso Amorim voltaria hoje, mas ficou em Caracas para ajudar na pressão para que o regime de maduro libere as atas de votação.
O ex-chanceler se encontrou nesta segunda-feira (29) com Maduro e Edmundo Gonzalez, da oposição. Auxiliares dizem que Amorim cobrou do ditador mais transparência. O enviado de Lula ainda esteve com representantes da ONU e do Centro Carter, considerado o principal observador internacional independente.
Sem ter certeza da lisura do resultado, o Itamaraty determinou que a embaixadora do Brasil na Venezuela não fosse à proclamação feita pelo ditador Nicolás Maduro. Já Lula, por telefone, definiu com Amorim e com o chanceler Mauro Vieira qual seria o posicionamento do brasil depois do resultado divulgado.
A nota do Itamarty, publicada depois das ligações, diz que aguarda as atas eleitorais, "passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito".
"O Brasil é o maior país da América do Sul, então ele marca uma tendência para os outros países, e também significará uma perda de prestigio perene as autoridades brasileiras. A falta desse reconhecimento o que, aí sim, pode levar a prejuízos econômicos e de ordem de relacionamento internacional”, diz Pablo Sukiennik, especialista em Direito Internacional.
Outros presidentes da América do Sul, de governos de esquerda e de direita, adotaram tons mais duros. Gabriel Boric, do Chile, escreveu que "o regime de maduro deve compreender que os resultados que publica são difíceis de acreditar".
O presidente argentino, Javier Milei, afirmou que "a Argentina não vai reconhecer mais uma fraude e espera que as forças armadas defendam a democracia e a vontade popular".
Líderes da Colômbia, Peru e Uruguai também cobraram mais transparência, assim como José Raul Mulino, presidente do Panamá. O país tem se aproximado do Mercosul e chegou a romper relações diplomática com a Venezuela.