Em meio às restrições impostas por estados, Bolsonaro voltou a criticar governadores nesta quinta-feira (11).
O desabafo pegou assessores do Planalto de surpresa. Jair Bolsonaro mandou incluir às pressas na agenda oficial uma reunião com a frente parlamentar das microempresas, para uma série de ataques aos governadores.
“Eles não querem salvar vidas, eles querem é poder. Uma política barata por parte de alguns buscando o poder”, disse no encontro.
O presidente também afirmou que o governo federal está fazendo “tudo certo” e criticou novas restrições nas ruas: chamou de “estado de sítio”, que só poderia ser decretado pela presidência.
“Até quando nossa economia vai resistir? Que, se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar?”, indagou.
Após a série de críticas, a reação de governadores foi rápida.
“É importante que a partir desse diagnóstico apocalíptico que ele faz, ele atue, aja com velocidade para que nós possamos combater o coronavírus e criar as condições para a retomada do crescimento econômico”, rebateu Flávio Dino, governador do Maranhão.
O presidente tem sido aconselhado a enfatizar nos discursos a busca por vacinas, para tentar tirar dos governadores o protagonismo do assunto. Mas o próprio Ministério da Saúde não sabe exatamente quantas doses estarão disponíveis até o fim do mês.
Em 17 de fevereiro, Eduardo Pazuello falou em 46 milhões de vacinas, mas contando com imunizantes que ainda não foram liberados pela Anvisa. Em 28 de fevereiro, a previsão baixou para 39 milhões. Em 3 de maço, nova promessa: 38 milhões de doses. No último sábado (6), a expectativa caiu de novo: 30 milhões de unidades. Na segunda, outra redução: até 28 milhões de doses.
A previsão mudou pela quinta vez na última quarta (10): entre 22 e 25 milhões de doses, podendo chegar a 38 milhões.
As constantes mudanças preocupam os governadores.
“É claro que a insegurança existe. E é por conta disso que nós, os governadores, tomamos a decisão de ter iniciativa”, disse Wellington Dias, governador do Piauí e líder do fórum de governadores.
As declarações do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, também pegaram mal nos estados. O parlamentar reagiu com irritação às críticas pela falta do uso de máscaras em viagem oficial a Israel, dizendo para “enfiar a máscara no rabo”.