Parlamentares pró-Bolsonaro e atual oposição do governo já se mobilizam para pedir o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A movimentação ocorre após reportagens da Folha de S. Paulo sobre relatórios pedidos pelo ministro fora do rito normal durante as eleições de 2022 envolvendo gabinetes do STF e do Tribunal Superior Eleitoral, comandados por Moraes.
Segundo a Folha, o setor de combate à desinformação do TSE foi demandado fora do rito normal durante e depois das eleições. O juiz instrutor Airton Vieira, assessor de Moraes, teria demonstrado a preocupação com a forma de atuação dos gabinetes do ministro.
A reportagem diz que Alexandre de Moraes pedia informalmente relatórios específicos contra aliados de Jair Bolsonaro, então presidente da República. Parlamentares bolsonaristas não querem perder a mobilização e promoveram um ato nesta quarta-feira (14) para criticar Moraes e apresentar o cronograma para um pedido de impeachment do ministro.
"Iniciamos a campanha hoje e no 7 de setembro vamos colher assinaturas para entrar, no dia 9, com o pedido de impeachment no Senado", disse Eduardo Girão. Mesmo com o aumento das críticas, a avaliação de líderes do Senado é que seria difícil conseguir 54 votos dos 81 necessários para o impedimento de Moraes.
A tramitação de um impeachment dependeria da mesa diretora, e mais de 40 pedidos já foram apresentados com Moraes como alvo, sem seguimento. Jair Bolsonaro, falou para a Band com exclusividade sobre as reportagens contra Moraes.
"Para mim é pouca surpresa, isso aí. Se falasse na época, teria problema", disse. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente e atual deputado federal, foi citado nas conversas. O ministro teria pedido investigações das redes sociais dele. No plenário da Câmara, ele se exaltou ao atacar Moraes.
"Agora Alexandre não precisa sequer fazer conluio porque ele é dono de destacamento da Polícia Federal, tal qual Hitler tinha a Stasi, estão prendendo. O que vem aí? Paredão? Tiro na cabeça?", questionou.
No poder Executivo, apoio a Alexandre de Moraes
A ordem no Executivo é de dar apoio ao ministro do STF e não deixar a versão de ilegalidade dominar o debate público. Para isso, ministros do governo se mobilizaram em defesa de Alexandre de Moraes.
Jorge Messias, advogado-geral da União, escreveu nas redes sociais que Moraes se destaca pelo compromisso com a Justiça e democracia e que as decisões dele contam com a fundamentação e regularidade de uma conduta honesta, ética e colaborativa, que merece admiração e apoio.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a reportagem da Folha de S. Paulo foi uma tentativa frustrada de questionar a apuração e punição contra crimes contra a democracia. Em evento em Goiânia, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que Moraes é um grande jurista e tem compromisso com questão ética e legal.
Alexandre de Moraes se defendeu em sessão no STF
O ministro dedicou uma parte da abertura da sessão do STF para se defender. "Nenhuma das matérias preocupa meu gabinete, me preocupa ou a lisura dos procedimentos. Relatório realizado oficialmente, esse relatório fica nos arquivos do TSE e é enviado oficialmente ao STF", disse.
"Não há nada a esconder, todos os documentos oficiais juntados, a investigação correndo pela PF, todos já eram investigados previamente nos inquéritos citados", pontuou.