Algumas barricadas são apenas sofás ou geladeiras bloqueando a rua. Outras são obras de engenharia que chegam a custar R$ 100 mil. O objetivo dos obstáculos é dificultar o acesso da polícia, além de ser um desafio para a dignidade dos moradores.
Trata-se do caso do pai da pesquisadora Júlia Quirino, que poderia ter sido salvo, se a ambulância que o atenderia tivesse conseguido passar da barricada.
“Desespero, pânico! Não deixam a ambulância entrar, defesa civil, Uber, entrega. Além do efeito prático, as barricadas São uma demonstração simbólica para o morador de quem é a autoridade ali”, lamentou a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Na favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o tráfico montou uma barricada em um dos acessos à comunidade. Por questões de segurança, a reportagem do Jornal Band não foi até o local, mas descobriu a existência da estrutura por meio do celular.
Num aplicativo de mapa digital, dezenas de barricadas aparecem, inclusive identificadas com nomes. O Google explica que os próprios usuários da plataforma adicionam as informações. Qualquer pessoa pode denunciar por meio das “avaliações ou locais enganosos”.
Só este ano, a Polícia Militar afirmou que já desfez mais de 5,7 mil barricadas no estado. A situação é tão crônica, que a corporação investiu R$ 11 milhões em equipamentos para demolições, como retroescavadeiras. O problema é que, tão logo a polícia a corporação, as barricadas são erguidas novamente.