O Jornal da Band teve acesso a gravações telefônicas que mostram que Willian Bigode, atualmente no Athletico-PR, convenceu colegas a investir na empresa investigada por um rombo milionário envolvendo criptomoedas. Os jogadores Gustavo Scarpa e Mayke cobram o dinheiro na Justiça.
A defesa do meio-campista Gustavo Scarpa, ex-Palmeiras, anexou provas no processo em que tenta receber de volta os R$ 8 milhões que perdeu após sofrer um golpe financeiro ao investir em criptoativos.
No material, são diversas conversas com o ex-companheiro de clube, e Willian recomendou os serviços da empresa de consultoria dele e da esposa para intermediar o investimento na Xland, enquanto Scarpa pesquisava uma outra instituição para investir.
“Agora eu falando como empresa também, nós temos toda nossa ética né cara. E a nossa fidelidade, parceria com a Xland, entendeu? Se você tem o desejo, enfim, de fazer alguma coisa, é sempre uma decisão sua. Nós temos a nossa parceria e nós temos a nossa, nossa fidelidade né, como empresa vamos dizer assim”, diz Willian Bigode.
Os áudios revelam que, quando Gustavo Scarpa percebeu que tinha sido vítima de um golpe, Willian Bigode prometia ao ex-companheiro de Palmeiras que não ficaria no prejuízo.
“Que você veio através da nossa empresa, então a gente tá aqui pra sempre trazer, pra sempre esclarecer todas as coisas, tá bom? Mas fica tranquilo que você vai dentro dos seus direitos, óbvio, ter o seu dinheiro de volta aí, fica tranquilo! Tá bom, Scarpinha?”, cita em outro áudio.
Já o lateral-direito Mayke, que segue no Palmeiras, cobra na Justiça que Willian Bigode seja responsabilizado pelo prejuízo de R$ 7 milhões contando os rendimentos que foram prometidos. Na última semana, o judiciário bloqueou R$ 1,7 milhão de uma conta bancária do atacante do Athletico-PR.
Durante as investigações nas contas bancárias das empresas, a Justiça não encontrou valores significativos. A consultoria de Bigode tinha saldo apenas de R$ 3,2 mil.
Entenda o caso Gustavo Scarpa
O atual jogador do Nottingham Forest, da Inglaterra, investiu R$ 6,3 milhões na empresa Xland, que gere investimentos em moedas e ativos virtuais. A gestora foi indicada por William Bigode, com quem jogou no Palmeiras. Scarpa começou a investir os valores em junho de 2020.
Em agosto do ano passado, o jogador tentou resgatar parte de seu dinheiro e não conseguiu, o que levantou a suspeita de golpe. A promessa era de que o lucro poderia chegar a 5% ao mês, valor muito acima dos rendimentos disponíveis no mercado.
Também colegas de Palmeiras, os jogadores Mayke e Weverton investiram com a empresa. Além da Xland, Scarpa e Mayke processam outras duas companhias: WLJC e Soluções Tecnologia.
Juntos, eles tentam reaver mais de R$10 milhões investidos. A WLJC tem William Bigode como sócio proprietário.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) investiga a Xland por suspeita de pirâmide financeira. Segundo nota do órgão, a empresa prometia lucros exorbitantes às custas de dinheiro pago por outros investidores, ao invés de receita gerada pelo negócio - tipo de operação chamado de esquema de Ponzi.
Além disso, a empresa, que tem filial em Rio Branco, responde a três processos na Justiça acreana, sob acusações de calote aos investidores.
Willian Bigode negou as acusações, alega que também é vítima de um golpe e que teria perdido R$17,5 milhões investindo em criptovativos. O jogador afirma que não recebeu o resgate de valores, que solicitou em novembro do ano passado.
O dono da empresa Xland Holding Ltda, acusada de aplicar o golpe nos jogadores, disse ter uma reserva de R$ 2,1 bilhões em alexandrita - pedras preciosas que serviriam de garantia aos investimentos dos atletas. Scarpa conseguiu na Justiça bloquear o malote. As pedras foram apresentadas pela empresa como garantia para que o jogador aplicasse a quantia milionária. No fim de março, na decisão da 10ª vara cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Scarpa tentava o bloqueio de R$ 5,36 milhões, mas só foram encontrados R$ 674,89 nas contas da Xland.