O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse nesta quinta-feira (6) que podem faltar insumos para a produção da CoronaVac depois da última entrega de doses, até 14 de maio. Por enquanto, não há mais matéria-prima chinesa para processar vacinas contra o novo coronavírus.
“Existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que o que seria o habitual, e com autorizações muito reduzidas de volumes”, disse Covas.
“Pode faltar? Pode faltar, e aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal, que tem remado contra”, acrescentou.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vinculou a China ao coronavírus, e insinuou que o país asiático teria se beneficiado da pandemia. Mais tarde, recuou.
“Eu não falei a palavra China”, disse. “Agora, muita maldade tentar um atrito com um país que é muito importante para nós, e nós somos importantes para eles também.”
Em audiência no Senado nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, tentou minimizar.
“A cada 100 litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) exportado pela China, 80 são destinados ao Brasil. Somos grandes parceiros e não há razão para que deixemos de ser”, assegurou.
O assunto repercutiu na CPI da Pandemia, que quer convocar o diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, para explicar as insinuações de Bolsonaro sobre guerra biológica.
“O presidente da República fez uma das declarações mais graves e sérias que eu já vi um presidente da República no Brasil fazer”, avaliou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que desconhece indícios de guerra química, e informou que tem um encontro nesta sexta-feira com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.
“As relações com a China, pelo que eu entendo, são excelentes”, afirmou Queiroga na CPI.
Também nesta quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que se opõe à politização e à estigmatização do vírus, e defendeu a cooperação entre países na luta contra a Covid-19.