O ataque que levou pânico a Araçatuba, no interior de São Paulo, foi feito com dinheiro e armamento do PCC, e pode ter envolvido até treinamento com guerrilheiros de outros países. Até agora, sete pessoas foram presas por envolvimento no ataque - pelo menos duas são integrantes da facção criminosa paulista.
A Polícia Federal assumiu as investigações do roubo às agências bancárias em Araçatuba. Segundo a investigação, o ataque vinha sendo planejado em Campinas havia pelo menos dois meses e há a suspeita de que alguns dos criminosos participaram de outros assaltos milionários com características semelhantes.
“Todas as características apontam para integrantes do PCC. Inclusive, treinamento desses criminosos fora do país, sobretudo no Paraguai e na Bolívia, utilizando até integrantes das forças armadas daqueles países, mesmo de guerrilheiros que acabaram dando baixa dessas forças armadas”, explica o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investiga a facção.
Um dos criminosos que morreu era Jorge Carlos de Mello, de 38 anos, integrante do PCC. Ele tinha uma extensa ficha criminal e sete passagens pelo sistema carcerário.
As reuniões da quadrilha aconteciam na casa de Cleiton da Silva, preso com base em informações de inteligência. Ele foi levado à sede da PF em Araçatuba, que assumiu a investigação do mega assalto. Cleiton é ligado ao Primeiro Comando da Capital e confessou participação no crime. Ele saiu da penitenciária de Penápolis (SP) há um ano e meio, e ainda tem oito anos de penas para cumprir por assaltos em 2012 e 2017.
Para dificultar a aproximação da polícia, a quadrilha espalhou dezenas de explosivos pela cidade e nas agências bancárias, com sensores de proximidade e acionamento remoto. Somado ao que foi encontrado em um caminhão, foram encontradas 93 bombas - quase 100 quilos de explosivos. O material foi levado a um aterro sanitário para detonações controladas pelo esquadrão antibombas.
Assalto em Araçatuba
A cidade de Araçatuba, no noroeste do estado de São Paulo, foi alvo de um pesado ataque na madrugada desta segunda-feira (30), em uma ação característica do chamado “novo cangaço”.
A partir das 23h50 de domingo (29), dezenas de criminosos ocuparam regiões do município com explosivos e armas de grosso calibre, como fuzis e metralhadoras. Nas horas seguintes, roubaram três agências bancárias.
Segundo testemunhas, eram pelo menos 30 criminosos. Durante mais de duas horas houve troca de tiros com os policiais. A sede de um Batalhão da Polícia Militar também foi atacada.
Ao longo da madrugada, para evitar disparos policias, a quadrilha chegou a usar reféns como escudos humanos. Alguns deles foram colocados sobre os carros usados nos crimes.
A investigação aponta que dez carros e um drone foram usados pela quadrilha na ação. O grupo conseguiu fugir com uma quantia em dinheiro, mas ainda não se sabe quanto.
Na fuga, carros e caminhões em chamas foram espalhados por entradas da cidade, de forma a atrapalhar o acesso da polícia.
Inicialmente, três pessoas morreram em decorrência dos ataques.