Nasce um novo plano para despoluir a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, com mais de 400 km que emolduram paisagens exuberantes. Mas esse espelho d’água também tem outro lado, a poluição.
Quatro cidades no entorno da Baía de Guanabara – São Gonçalo, Duque de Caxias, Belfort Roxo e São João de Meriti – estão entre aquelas com os menores índeces de tratamento de esgoto do Brasil, de acordo com o Instituto Trata Brasil (Ranking do Saneamento 2023).
Todos os dias, milhões de litros de esgoto são despejados na Baía de Guanabara. A família de um pescador entrevistado pelo Jornal da Band precisou se mudar.
“Já não tinha mais robalo, siri, a tainha, o próprio caranguejo, que é o carro-chefe da Baía de Guanabara”, lamentou o pescador Alaildo Malafaia ao comentar a mudança de endereço devido à poluição.
Nos últimos 30 anos, mais de R$ 10 bilhões foram investidos em programas de despoluição. Os recursos foram da União, estados e até do governo do Japão. A última promessa foi tratar 80% do esgoto até a Olimpíada de 2016, o que não saiu do papel.
Agora, a concessionária que assumiu o serviço de saneamento em 12 das 17 cidades que compõem a formação hidrográfica diz que vai despoluir a Baía de Guanabara até 2033. O investimento previsto é de R$ 10 bilhões. A primeira etapa da obra deve começar em agosto.
“Serão grandes coletores no entorno da baía, protegendo a Baía de Guanabara, que são chamados de coletores de tempo seco. Ele serve para coletar todo o esgoto que é jogado na rede de água pluvial e levar até as estações para serem tratadas”, explicou Alexandre Bianchini, presidente da Águas Do Rio.
Lideranças da área ambiental receberam a nova promessa com um misto de desconfiança e otimismo.
Eu estou otimista com essa tentativa. Espero que ela dê certo. Estamos aqui, todos nós, sociedade civil organizada e povos tradicionais, prontos para ajudar”, pontuou Pedro Belga, presidente da ONG Guardiões do Mar.