Faltam apenas dois dias para as eleições mais tensas na história da Venezuela. Nos tradicionais redutos chavistas, a favor do governo de Nicolás Maduro, pela primeira vez a população se divide entre reeleger o ditador ou levar a oposição ao poder.
As ruas do bairro 23 de Enero estão vazias. No Centro de Caracas, a capital, muitos se foram. Só nos últimos 10 anos, quase 8 milhões de venezuelanos deixaram o país fugindo da crise econômica. Algo como 25% de toda a população do país se tornou imigrante mundo afora.
Nenhum bairro de Caracas é tão chavista quanto o 23 de Enero. Ou era. Aqui as vielas com quase ninguém são ainda mais simbólicas dessa crise que parece não ter fim. Até a poucos metros de onde Hugo Chávez está enterrado, o legado dele não é mais unanimidade.
Nas ruas, pouca gente quer falar diante das câmeras. Longe delas, contam que o bairro está dividido, como todo o país. Mas não se engane quem acredita que o Chavismo está morto por aqui. Mesmo com a crise, com as milhões de famílias separadas, com as duas décadas e meia de permanente tensão, muitos seguem fiéis à revolução bolivariana.
Os símbolos do chavismo continuam, mas já não tem a mesma cor de antes. Na Capela construída para venerar os feitos milagrosos de Chaves, já não há mais nada. Só uma foto e alguns rabiscos. Tudo foi roubado.